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Capital

Mochila rastreada “entregou” suspeito de arrombar 43 carros à polícia

Conforme apuração da Derf, após tomar "enquadro", "Alemão" tentou se livrar de notebooks furtados

Anahi Zurutuza | 12/06/2023 19:26
Edileno de Araújo Trindade, 35, foi preso no dia 29 de maio. (Foto: Polícia Civil/Reprodução)
Edileno de Araújo Trindade, 35, foi preso no dia 29 de maio. (Foto: Polícia Civil/Reprodução)

Rastreador colocado em uma mochila “entregou” à polícia suspeito de arrombar carros em Campo Grande para furtar celulares, notebook e até drones avaliados em R$ 30 mil. De acordo com investigação da Derf (Delegacia Especializada na Repressão de Roubos e Furtos), Edileno de Araújo Trindade, 35, conhecido como “Alemão”, teria furtado ao menos 43 veículos entre março e maio, agindo sempre em bairros nobres da Capital.

Conforme registrado pela Derf em relatório enviado à Justiça, depois de ter o carro furtado próximo a uma pizzaria na Rua Bom Pastor, no dia 28 de abril, um agrônomo informou à PM (Polícia Militar) o endereço indicado por rastreador colocado numa mochila onde ele carregava um notebook e outros pertences. Policiais estiveram na casa de Edileno, na Vila Palmira, região do Santo Amaro, e o suspeito alegou que não havia saído de casa naquele dia. Por isso, seria impossível que um notebook furtado estar no imóvel.

Print da localização da mochila rastreada por uma das vítimas. (Foto: Reprodução)
Print da localização da mochila rastreada por uma das vítimas. (Foto: Reprodução)

Sem mandado para fazer buscas ou prisão, os PMs tiveram de deixar o local. Acontece que horas depois, a vítima notou que o rastreador apresentou nova movimentação. Desta vez, da casa no Santo Amaro até a MS-080. A polícia novamente foi informada e na manhã do dia seguinte, às margens da rodovia, militares encontraram oito computadores abandonados, além da mochila rastreada. “Todos os notebooks localizadas eram provenientes de furtos mediante arrombamento de veículos”, informou a Derf, elencando os registros dos furtos.

No dia 9 de maio, o delegado Jackson Frederico Vale representou pela prisão preventiva do suspeito e pediu à Justiça que os endereços ligados a Alemão fossem vasculhados para que mais provas fossem levantada. O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, autorizou as buscas no dia 15 e a determinou a prisão de Edileno no dia 16 do mês passado, exigindo relatório detalhando toda a ação num prazo de 5 dias úteis após o cumprimento das ordens judiciais.

Busca e apreensão – Policiais da Derf foram até a casa no Santo Amaro, onde encontraram o suspeito, a esposa e mais uma pessoa, no dia 29 de maio. Ainda de acordo com o relatório enviado ao Judiciário, ninguém atendeu ao portão, que teve de ser arrombado.

Trecho do relatório policial entregue ao Judiciário. (Foto: Reprodução)
Trecho do relatório policial entregue ao Judiciário. (Foto: Reprodução)

Ainda segundo o documento, o suspeito se irritou ao ser acusado de furtos. “Mostrou-se agressivo dizendo ser ‘cigarreiro’, ou seja, contrabandista de cigarros, e que ‘não mexia com furtos’”. Alemão teria se debatido e se jogado no chão. Por isso, arranhado o rosto. Ele foi algemado.

Durante buscas, o primeiro objeto que policiais encontraram e que também liga Edileno aos furtos, por ironia do destino ou não, foi um Vade Mecum, considerada a “bíblia” dos advogados. O livro que reúne a legislação brasileira resumida estava assinado com o nome de uma das vítimas dos arrombamentos de veículos da Capital investigados pela Derf.

À polícia, o homem chegou a dizer que o livro era “problema da esposa”. Ela negou e levou a equipe de investigadores a sítio no Assentamento Santa Mônica, que pertenceria a Edileno. Numa casa abandonada, que policiais desconfiam ser usada como entreposto para contrabando, foi encontrado armamento ilegal – 1 pistola da marca Luger, modelo M90 e calibre 9 mm, e 3 carregadores de pistola da marca Glock, todos de calibre 9 mm.

Em interrogatório, Alemão admitiu não ter a documentação das armas, negou que tivesse furtado os notebooks, mas confessou o arrombamento e furto de drones avaliados em R$ 30 mil, indicando para a polícia onde estavam os equipamentos, que foram recuperados.

O alvo da Derf utilizava um veículo GM Tracker branco ou um HB20 para rodar por bairros da Capital com aglomerações de bares e restaurantes, escolhia carros estacionados, que possuíam objetos aparentes em seus assentos e tapetes, e os arrombava. Ainda conforme a investigação, ele usava lanterna para conseguir enxergar o interior dos veículos, agia em cerca de 15 minutos e chegou a praticar 8 furtos num só dia.

GM Tracker branco usado por Edileno de Araújo para rodar bairros da Capital em busca de alvos, segundo a polícias. (Foto: Reprodução)
GM Tracker branco usado por Edileno de Araújo para rodar bairros da Capital em busca de alvos, segundo a polícias. (Foto: Reprodução)

Alegação de tortura – Dois dias após as buscas e a prisão, a defesa de Alemão fez pedido para ter acesso às imagens das câmeras de segurança da casa do suspeito que foram levadas pela polícia. A advogada Thaís Priscilla do Couto Lara alega que o cliente foi “brutalmente agredido pelos policiais que exigiam a todo momento que este assumisse quase 40 furtos realizados em um curto espaço de tempo, ameaçado durante toda a operação e obrigado a levar os policiais em diversos endereços”.

A defesa pediu que Edileno passasse imediatamente por exame de corpo de delito para que fossem registradas as marcas da “tortura”. O mesmo pedido traz lista de objetos que pertenceriam a esposa do investigado e teriam sido apreendidos.

A Polícia Civil ainda não concluiu a investigação sobre o caso. O investigado já respondeu por tráfico de drogas, contrabando de cigarros, furto qualificado, receptação, posse de armas de fogo e outros crimes. Ele está preso em caráter preventivo (por tempo indeterminado).

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