Moradores abandonam apartamentos encharcados e quem fica improvisa com balde
Moradores estão tentando driblar infiltrações e outros problemas causados depois de forte chuva
Um mês depois do vendaval que destelhou apartamentos do Residencial Reinaldo Busanelli 1, localizado no Jardim Campo Nobre, em Campo Grande, moradores ainda sofrem com os prejuízos. Alguns chegaram a abandonar os imóveis e quem ficou, está no improviso depois da chuva na madrugada desta quarta-feira (17), que deixou alguns apartamentos encharcados.
É o caso do apartamento da autônoma Nilsa Santos, de 60 anos, que mora com o marido, Fausto Rachel da Silva, 60, também autônomo. Os dois passaram a madrugada tirando água do imóvel e em cada canto, um baldinho para ajudar. “Faz três dias que a gente não sai de casa, porque só ficamos tirando água”, afirma Nilsa.
A aposentada diz que está quase perdendo um guarda-roupa novo. “Todo canto tem goteira, uma próxima chuva, ele não aguenta”, lamenta.
A história da aposentada é parecida com a de muitos outros moradores do Residencial Reinaldo Busanelli. São, no total, 24 blocos no condomínio e destes, 13 apresentaram problemas. Os mais graves estão nos blocos 1, 2 e 3, destelhados com o vendaval do dia 15 de outubro.
A manicure Jackelinne Galhardo, de 28 anos, mora no primeiro andar do bloco 1, que ainda não foi atingido pela infiltração. “Mas no terceiro andar, os moradores se desdobram, porque empossa tudo e fica escorrendo nos apartamentos, uma hora chega aqui”. Segundo ela, o bloco 2 é o mais crítico. “Só restou um morador no terceiro andar do bloco 2”, afirma.
Reforma - Já no bloco 3 – com as mesmas complicações - os moradores resolveram se unir. O frentista Vanderson Silva, de 37 anos, e o massoterapeuta Edson Gregório, 42, moram no terceiro andar, nos apartamentos que ficam próximos a laje, os mais atingidos.
Eles convocaram os moradores do bloco, fizeram um orçamento e dividiram os custos da reforma, de aproximadamente R$ 6 mil. “Nós moramos no terceiro andar e somos os mais atingidos, mas o pessoal do bloco todo entendeu, porque se continuar dessa forma vai chegar para todos. A água vai descendo e vai atingir todo mundo”, frisa Vanderson.
Seguro - A síndica Cleonice da Silva Dias, de 47 anos, explica que o condomínio é de 2015 e o seguro da Caixa Econômica Federal é de cinco anos. No entanto, nesse período, nunca aconteceu nada grave que foi preciso acioná-lo.
A outra questão que impossibilita os reparos por parte da administradora do residencial é a alta inadimplência no pagamento da taxa de condomínio, de R$ 70. “O índice de inadimplência é alto, de 384, apenas 123 estão em dia. Nós não temos condições de ter o seguro com esse índice de inadimplência”, lamenta.
A advogada do condomínio, Maria Cristina, complementa que a maioria dos moradores nunca pagou a taxa, desde que entrou no apartamento. “A maioria nunca pagou uma taxa desde 2015, então entramos com essa cobrança", afirma.
Outro ponto que levantou é que, em grande parte, os apartamentos não estão sendo ocupados pelos titulares. "Todo mundo que paga a taxa tem embutido o valor do seguro, mas a pessoa não consegue pedir esse seguro, porque não é a titular. Muitos desses donos alugou ou vendeu os apartamentos, então se criou uma dificuldade. Estamos buscando uma forma de equacionar isso, fazendo levantamento individual de cada unidade que pode pedir esse seguro, também vendo um programa assistencial para nos ajudar”.