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Capital

Moradores detalham rotina "tranquila" de Maníaco do Parque fora da cadeia

José Carlos de Santana Júnior é morador antigo do Maria Aparecida Pedrossian e tinha lava a jato na região

Por Bruna Marques e Geniffer Valeriano | 03/10/2023 10:27
Movimentação no Bairro Maria Aparecida Pedrossian na manhã desta terça-feira (3). (Foto: Marcos Maluf)
Movimentação no Bairro Maria Aparecida Pedrossian na manhã desta terça-feira (3). (Foto: Marcos Maluf)

Morador antigo do Bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, o Maníaco do Parque das Nações Indígenas era visto como boa gente pela vizinhança, que acompanhava a rotina aparentemente “normal” de José Carlos de Santana Júnior.

A reportagem do Campo Grande News foi até o bairro na manhã desta terça-feira (3), dia seguinte da prisão de José Carlos e conversou com os moradores que conhecem o homem como “Juninho Santana”. Embora a fama do maníaco tenha voltado à tona, há quem não sabia dos crimes cometidos por ele.

Trabalhador, que não quis se identificar, revelou que conhece a família do maníaco e que recentemente chegou a passar na casa que ele morava, na Rua Francisca Leite Daubian.

Santana passou a frequentar uma igreja evangélica no Bairro Cristo Redentor. Lá ele revelava que sofreu muito na cadeia, no período em que ficou preso pelos crimes de abuso sexual.

O rapaz disse ainda que apesar de saber da fama do maníaco, José Carlos parecia ser uma pessoa tranquila. “Achei que ele tinha mudado, tinha virado crente”.

No bairro, segundo relato do morador, poucas pessoas sabem do passado do maníaco, mas quem sabe não fica comentando. “Sempre foi sozinho e tranquilo, a gente não esperava isso, sabemos que ele sofreu preso e isso foi uma surpresa”, relatou.

Atualmente, além de trabalhar como motorista de aplicativo, o rapaz via José Carlos vendendo salgado. “Ele ia de casa em casa e em comércios com a mãe. Parecia que tinha mudado”, concluiu.

Homem, que preferiu manter sua identidade em sigilo, morador do bairro há 40 anos, disse que via o maníaco com frequência. Conhece ele desde pequeno, cresceram juntos, José Carlos estudou com sua irmã, mas afirmou que não são amigos e nem tinha contato com ele.

“Eu via ele fazendo corrida de aplicativo. A primeira vez que ele foi preso acharam que tinham pegado a pessoa errada, mas como ele já tinha feito isso e foi preso de novo, o choque não foi tão grande como da primeira vez”, informou.

De acordo com o empresário, José Carlos era tranquilo e não frequentava botecos. “Olhando, ninguém fala que era uma pessoa que fazia isso. Quem vê cara não vê coração, por isso que dizem”.

Idoso de 67 anos disse que o maníaco tem um lava a jato no bairro e que há três meses procurou pelos serviços de José Carlos. “Nesse dia eu estava com a minha esposa e filha. Ele parecia normal, não sabia que tinha feito isso”, disse homem que ficou sabendo dos crimes através da reportagem.

Na página do Facebook de José Carlos consta que atualmente estava casado. Na publicação, o relacionamento começou em 2021, ano que ele saiu da cadeia.

José Carlos de Santana Júnior foi preso nesta segunda-feira (2), durante operação da Deam. (Foto: Divulgação)
José Carlos de Santana Júnior foi preso nesta segunda-feira (2), durante operação da Deam. (Foto: Divulgação)

Prisão - José Carlos foi preso por policiais da Deam, nesta segunda-feira (2), em frente ao Detran. Antes de ser capturado, as equipes foram até um lava a jato de Terenos, onde o carro utilizado nos crimes estava. O veículo foi apreendido e será periciado.

Sem medo de ser identificado, o maníaco não se preocupava em esconder vestígios do crime. “Ele não se preocupava em esconder a identidade dele, tanto é que no momento da prisão, ele utilizava a mesma camiseta que usou em um dos crimes. A roupa tinha uma logo do lava a jato onde o carro foi encontrado”, revelou a delegada titular da Deam, Elaine Benicasa.

Na delegacia, após ser preso, questionado sobre os crimes, o maníaco revelou para as delegadas que não se controlava e não sabia por que cometia os crimes. No momento em que estava detido na cela, ele ficava orando.

José Carlos foi solto em 2021 e desde então vinha atuando como motorista de aplicativo, utilizando o carro que usava para cometer os crimes sexuais. Até o momento, não se sabe se passageiras foram vítimas do homem.

A polícia vai acessar todos os boletins de ocorrências de estupros em carros de aplicativos, dos últimos dois anos, em que suspeitos não foram identificados, para saber se o maníaco fez alguma vítima. “Ele usava cadastro em seu próprio nome. Como que plataformas liberam cadastro para uma pessoa com esses antecedentes criminais?”, questionou Analu Ferraz.

A delegada orienta que vítimas que suspeitarem de que o maníaco seja o abusador, procure a Deam para registrar boletim de ocorrência.

José Carlos foi preso durante Operação Incubus, contra ele havia um mandado de prisão em aberto. Além dele, na manhã desta terça-feira (3), mais três homens foram presos por violência doméstica.

Principal alvo era o maníaco, mas além dele, de ontem para hoje, mais três homens foram presos por violência doméstica.

Reincidente - Em 2007, pelo menos 10 mulheres foram vítimas do maníaco, que agia na região do Bairro Chácara Cachoeira. Em um dos casos, atacou mulher que caminhava sozinha no Parque das Nações. Preso, foi condenado e sentenciado a pena de 34 anos, em regime fechado, cumprindo no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande).

Com a progressão do regime, há dois anos foi liberado e, recentemente, voltou a atacar. Após diligências das equipes da Deam, o suspeito de estuprar mulheres recentemente foi preso. Contra ele havia um mandado de prisão em aberto, expedido pelo Poder Judiciário.

Santana foi preso no dia 15 de junho de 2007 em operação da Interpol em conjunto com a Polícia Civil. Ele também era procurado pela polícia da Espanha, acusado de estuprar duas meninas. O rapaz foi reconhecido pelas vítimas pelo tênis vermelho. Três meses depois de ser descoberto, ele fugiu para Campo Grande e, à época, estava escondido em uma casa no Bairro Maria Aparecida Pedrossian.

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