Moradores vivem pânico em bairro com guerra de pipas e linha cortante

As pipas com linha chilena viraram dor de cabeça para moradores do Bairro Jardim Vida Nova que relatam medo e preocupação constante de serem cortados pelos materiais. Aos finais de semana, a praça do bairro virou ponto de encontro para os pipeiros e neste domingo (28) pelo menos cem pessoas estavam reunidas no endereço.

A reportagem flagrou na Rua Jaci Maria de Azevedo Môro com a Rua Pacajús homens manuseando carreteis enormes com a linha que tem mistura de óxido de alumínio e pó de quartzo, que são componentes extremamente cortantes.

Silvia Matos, de 51 anos, mora no bairro há 20 anos e expõe que o perigo é dobrado devido ao trânsito que é prejudicado. “Ali se tornou o ponto deles soltarem pipa e naquele ponto fica tumultuado, os carros têm que passar bem devagar”, diz. Em meio ao tumulto, a técnica de enfermagem fala que “pelo menos” os pipeiros pararam de correr entre os carros.

Moradora, que pede para não ser identificada, vive há 57 anos no bairro. Aos finais de semana, a mulher diz que os pipeiros chegam a invadir os quintais atrás da pipa caída. “Sábado, se você vem aqui, dá até medo. É uma loucura! Eles não respeitam, pulam os muros e usam aquelas linhas perigosas que cortam", afirma.

Dalva, de 57 anos, prefere não dar o nome completo por receio e comenta que a preocupação é pela segurança dos pequenos. “A gente fica preocupada com as crianças, com os pedestres, porque uma linha dessa corta qualquer pessoa", expressa.

A vizinha de Dalva é mais uma que reclama sobre a atitude dos pipeiros. Segundo ela, os encontros são agendados pelas redes sociais, sendo que nos finais de semana a situação “é bem pior”. “Nós não temos paz na própria casa no domingo, porque eles intimidam os moradores que não deixam eles entrarem para pegar a pipa. Sem contar os que invadem", completa.

Confusão - A atividade dos pipeiros na região resultou em confusão na tarde de sábado (27). A GCM (Guarda Civil Metropolitana) esteve no local após ser acionada com a queixa de que um grupo de pipeiros estavam invadindo o Cras (Centro de Referência da Assistência Social) do bairro.

Conforme a CGM, 700 pessoas estavam participando de uma “guerra de pipas” e foi feita orientação pelas equipes sobre os riscos de usar a linha cortante. A confusão começou quando um dos homens arrancou das mãos do guarda um carretel que tinha sido recolhido.

Um outro homem, que estava xingando a equipe, foi preso no local. Com a prisão dele, pessoas que participavam do evento passaram a atirar chinelos, pedras e até garrafas de vidro.

Vídeo divulgado no Instagram mostra parte da confusão e o momento em que um homem é agredido com o cassetete de um dos guardas. A reportagem procurou a CGM que não se manifestou sobre o caso exposto nas imagens. O único retorno foi relacionado a duas prisões.

"Dois indivíduos foram detidos e encaminhados para a Delegacia de Pronto Atendimento (Depac) Cepol, estregues às autoridades a fim de sejam tomadas as providências cabíveis, ambos com integridade física preservada. A Guarda Civil Metropolitana destaca que mantém rondas e patrulhamento preventivo diuturnamente por meio de equipes em viaturas nos espaços públicos e logradouros da Capital e mantém operações especiais no combate à prática de empinar pipas fazendo o uso de linhas cortantes, contribuindo para a segurança da população nas sete regiões de Campo Grande", diz a nota.

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