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Capital

Morto pelo Choque era "Resumo Geral" do PCC e foi grampeado na prisão

André Eduardo Vargas, o "Febem" foi flagrado em escuta ao tratar da qualidade de droga adquirida pela facção

Silvia Frias | 09/11/2022 11:36
Perícia da Polícia Civil na casa onde "Febem" morreu. (Foto: Marcos Maluf)
Perícia da Polícia Civil na casa onde "Febem" morreu. (Foto: Marcos Maluf)

André Eduardo Vargas Maia, 30 anos, o “Trilha” ou “Febem” já foi Resumo Geral dos Estados e País do PCC (Primeiro Comando da Capital), cargo com atribuições de controle e liderança sobre os demais faccionados. Procurado pela polícia, foi morto em confronto policial esta manhã, durante a Operação Espartanos I, do Batalhão de Choque.

“Febem” era um dos mandados de prisão listados hoje, no primeiro dia da operação policial. Segundo informações da PM (Polícia Militar), ele foi encontrado em uma casa no Bairro Aero Rancho, resistiu à prisão e foi alvejado com dois tiros. Chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Regional, mas morreu durante atendimento.

Em 2011, "Febem" participou da tentativa de assalto a uma construtora, na Vila Bandeirantes, que terminou na morte do engenheiro eletricista Severino de Souza Júnior, de 38 anos.

Ficha de André Eduardo Vargas Mais quando esteve preso em Dourados. (Foto/Reprodução)
Ficha de André Eduardo Vargas Mais quando esteve preso em Dourados. (Foto/Reprodução)

Procurado por associação criminosa, “Febem” já figurou na liderança do PCC, conforme investigação de PIC (Procedimento Investigatório Criminal) do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), iniciada em janeiro de 2017, em Dourados e que resultou em processo protocolado em 2020, na 5ª Vara Criminal de Campo Grande.

Naquele período, o Gaeco investigava várias ações do PCC realizadas para financiar o tráfico de drogas, a compra de armas e plano de fuga do Presídio de Segurança Máxima Jair de Carvalho, em Campo Grande. A lista de apelidos é longa: “Barbaridade”, “Magrelo”, “Quase Nada”, “Kapetinha”, “Thor”, “Drácula” e “Camisa 10”, por exemplo.

Conversa interceptada pelo Gaeco. (Foto/Reprodução)
Conversa interceptada pelo Gaeco. (Foto/Reprodução)

Com autorização da 1º Vara Criminal de Dourados, a investigação quebrou sigilos telefônicos de linhas usadas pelos criminosos de dentro de unidades penais em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

A apuração identificou como o grupo se articula e a hierarquia dentro da facção. Um dos presos, identificado como “Juninho Carambola”, interno de presídio em São Paulo, repassava ordens a outras lideranças, os identificados como “Geral do Progresso”. Eles deveriam receber drogas ou outros produtos oriundos do crime, guardar e revender quando fosse possível.

Em uma das interceptações telefônicas, realizadas já em 2018, “Febem” foi flagrado conversando de dentro da Penitenciária Estadual de Dourados (PED).

Na escuta atribuída a “Febem”, consta que ele ocupava cargo de importância na hierarquia, o Resumo Geral dos Estados e Países. Algumas conversas são com a companheira, em que fazia conferências com membros do PCC para assuntos “com foco na estrutura organizacional”.

Conversa de "Febem" com membros do PCC. (Foto/Reprodução)
Conversa de "Febem" com membros do PCC. (Foto/Reprodução)

“Fica demonstrado ainda seu envolvimento com assuntos relacionados a comercialização de entorpecentes, registrando diálogos em que o investigado e interlocutores debatem sobre a qualidade de determinada porção de entorpecentes e também sobre a chegada de produto comercializado (...)”.

Em um deles, a MNI (Mulher não Identificada) reclama da qualidade da cocaína e que “Bolívia tirou eles grandão” e que pediu para ele devolver o produto.

Operação - Nesta quarta-feira (9), 28 policiais saíram às ruas de Campo Grande, divididos em sete equipes, para cumprir cinco mandados de prisão da Operação Espartanos I.

De acordo com o apurado pela reportagem, André estava cheirando cocaína no momento da abordagem e havia resquícios da droga no celular dele. Assim que os policiais anunciaram a prisão, ele disparou contra a equipe, que revidou e acertou dois disparos na região do peito dele. Os dois tiros que André realizou atingiram o muro da casa e um carro que estava na garagem.

Durante a ocorrência, além de André Eduardo, outra pessoa morreu ao reagir e atirar contra os policiais. Trata-se de Ana Paula dos Santos Silva, conhecida como "Boladona". Ana Paula tem passagens por roubo. Conforme apurado, ela se passava por homem durante os crimes, sendo que todas as vítimas se referiam ao "autor" como um homem obeso.

A polícia descobriu que se tratava na verdade de Ana Paula. Ela andava sempre armada e era muito agressiva durante os roubos.

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