Movimentação do dinheiro do PCC leva “laranjas” à prisão pela PF
Advogado relata que cliente teria recebido depósitos de R$ 4 mil de contas ligadas à facção
Movimentação de dinheiro do crime levou “laranjas”, pessoas que emprestam nome para ocultar valores de origem ilícita, à prisão na operação Caixa Forte, cuja segunda fase foi realizada hoje (dia 31) pela PF (Polícia Federal), dia do aniversário da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ao menos seis mulheres foram levadas para a superintendência da PF em Campo Grande. Mandados de prisões foram cumpridos em vários bairros da cidade: Jardim Colúmbia, Los Angeles, Novos Estados, Marajoara, Canguru, Jardim das Meninas, Aero Rancho, Santa Luzia e Rita Vieira.
No saguão da superintendência, cinco advogados aguardavam pela chegada de clientes que foram alvos da ação. Um deles disse à reportagem que foi contratada pela vizinha da mulher presa. A cliente teria recebido três depósitos de R$ 4 mil de contas ligadas ao PCC. A mulher alega não saber a origem e havia emprestado a conta para uma nora.
A maior - No ranking da operação, realizada em 19 Estados e Distrito Federal, MS ficou atrás apenas do Paraná, onde são 101 mandados de prisão. Das 85 ordens de prisão no Estado, 74 são em Campo Grande e três em Dourados.
Prisões também acontecem em Água Clara, Aquidauana, Bandeirantes, Bataguassu, Bonito, Corumbá, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. Dos alvos no Estado, 51 já cumprem pena em cinco unidades prisionais.
São 37 mandados de busca e apreensão no Estado: Água Clara (1), Aquidauana (1), Bandeirantes (1), Bataguassu (1), Campo Grande (28), Corumbá (1), Dourados (1), Paranaíba (1) e Ribas do Rio Pardo.
Laranjas - A segunda fase da Caixa Forte investiga tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Na fase 1, a operação identificou os responsáveis pelo chamado “Setor do Progresso” da facção, que se dedica à lavagem de dinheiro proveniente do tráfico. Foi descoberto que parte dos valores obtidos com a venda de droga era canalizado para inúmeras outras contas bancárias da facção, inclusive para o “Setor da Ajuda”, responsável por recompensar membros da facção recolhidos em presídios.
Foram identificados 210 integrantes do alto escalão da facção, recolhidos em Presídios Federais (Campo Grande tem uma unidade), que recebiam valores mensais por terem ocupado cargos de relevo na organização criminosa ou executado missões determinadas pelos líderes como, por exemplo, execuções de servidores públicos.
Para garantir o recebimento do “auxílio”, os integrantes do grupo indicavam contas de terceiros não pertencentes à facção para que os valores, oriundos de atividades criminosas, ficassem ocultos e supostamente fora do alcance do sistema de justiça criminal.
No Brasil, a ação evolve 1.100 policiais federais, que cumprem 623 ordens judiciais, sendo 422 mandados de prisão preventiva e 201 mandados de busca e apreensão, em 19 Estados e no Distrito Federal. Todos os mandados foram expedidos pela 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte (Minas Gerais). A Justiça ordenou bloqueio de R$ 252 milhões. Em Santos (litoral de São Paulo), foram apreendidos R$ 2 milhões e 730 mil dólares.