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Capital

Mudança de ponto é estratégia de taxistas para seguir na profissão

Na Capital, locais de acesso fácil até outras regiões e com maior concentração de pessoas são preferência

Por Cassia Modena | 20/11/2023 10:07
Ponto de táxi na Avenida Cônsul Assaf Trad, na Capital (Foto: Marcos Maluf)
Ponto de táxi na Avenida Cônsul Assaf Trad, na Capital (Foto: Marcos Maluf)

Para seguir na profissão de taxista em tempos de preferência massiva por aplicativo de transporte como o Uber ou 99, estratégia de alguns motoristas é escolher pontos de estacionamento onde é maior a concentração de pessoas e mais fácil o deslocamento até diferentes regiões de Campo Grande.

A fixação em um ponto é contrária à proposta das empresas de tecnologia, que mantém o motorista sempre rodando e oferecem viagens pedidas dentro da rota daquele momento. Por outro lado, é oportunidade para os taxistas prestarem serviço a quem confia mais no modelo tradicional e precisa de carro disponível para já.

Ernani Souza Silva, 49, começou a trabalhar com táxi em 2015, um ano antes de a Uber começar a operar em Campo Grande. Só trocou de ponto uma vez desde então: saiu do Centro e foi para outro na rua lateral do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian. Está lá há quatro anos.

Ponto de táxi no Aeroporto da Capital numa manhã de sexta-feira (Foto: Marcos Maluf)
Ponto de táxi no Aeroporto da Capital numa manhã de sexta-feira (Foto: Marcos Maluf)

Ele compara. "O ponto atual está muito bonito em questão de estrutura. No antigo, arrancaram a árvore e tiraram nossa sombra. Ainda é bom [o táxi]. Pessoal que vai para o hospital visitar os parentes pega muito táxi, principalmente as pessoas idosas que não sabem mexer no aplicativo e são mais seletivas", fala.

O taxista chegou a trabalhar como motorista de aplicativo, mas desistiu após sofrer dois assaltos. Ele se diz satisfeito com a opção que fez. "Você tem uma central, o carro é rastreado, acho bem melhor. A realidade do taxista já esteve pior, agora está começando a estabilizar. Quem anda de táxi não deixa de usar. A gente tem cliente fixo, então isso ajuda", comenta.

Várias mudanças - Já Antonio Oliveira Rodrigues, 68, está há 40 anos no ramo. Mudou de ponto várias vezes e permanece fiel à profissão, mesmo ela não sendo tão rentável quanto antes.

Ernani é taxista há 40 anos e não vê diferença em mudar de ponto no atual cenário da profissão (Foto: Marcos Maluf)
Ernani é taxista há 40 anos e não vê diferença em mudar de ponto no atual cenário da profissão (Foto: Marcos Maluf)

Atualmente, seu carro fica estacionado no Centro à espera de clientes. Na segunda semana deste mês, chegou a dar cobertura para um colega no ponto da Avenida Cônsul Assaf Trad, em frente a um supermercado atacadista. Ele afirma não ter sentido muita diferença no movimento.

Sempre que há transferência ou permuta de ponto entre dois taxistas, é preciso formalizar a solicitação junto à Agetran (Agência Municipal de Trânsito). Como o serviço é regulamentado e gerenciado pela pasta, alvará é exigido para fazer a troca. Publicações que autorizam ou não pedidos assim são publicadas eventualmente no Diário Oficial de Campo Grande.

Ele pensa em parar de vez. Enquanto não para, prefere a segurança do táxi. Particularmente, não vê novas possibilidades para a profissão que exerceu na maior parte da vida até agora. "Essas mudanças de ponto não interferem em nada porque hoje em dia está tudo igual. A prefeitura não tem mais interesse em táxi", afirma.

Quantos são - De acordo com informações da Agetran, há 89 pontos cadastrados na Capital e 527 alvarás de taxistas. Há cinco anos, quando a concorrência com o aplicativo se acirrava, eram 611 alvarás de taxistas, segundo a pasta.

Ponto da Avenida Cônsul Assaf Trad (Foto: Marcos Maluf)
Ponto da Avenida Cônsul Assaf Trad (Foto: Marcos Maluf)

É a Agetran quem determina a quantidade e localização dos pontos de táxi na cidade. O presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul), Flavio Panissa, frisa que é da responsabilidade dela permitir a troca de forma que pontos não fiquem vazios, ou extingui-los, caso não haja interesse dos motoristas em ocupá-lo.

Flavio, que também é dono da empresa Coopertaxi, afirma que a troca ou permuta de pontos sempre ocorreu entre os taxistas e que, hoje, faz mais sentido procurar pontos que permitam fácil acesso a outras localidades. "A Coopertaxi, por exemplo, tem telefone e aplicativo. O mais interessante nesse caso é estar num local onde o motorista possa se deslocar rapidamente até uma região mais distante", explica.

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