Mudança de ponto é estratégia de taxistas para seguir na profissão
Na Capital, locais de acesso fácil até outras regiões e com maior concentração de pessoas são preferência
Para seguir na profissão de taxista em tempos de preferência massiva por aplicativo de transporte como o Uber ou 99, estratégia de alguns motoristas é escolher pontos de estacionamento onde é maior a concentração de pessoas e mais fácil o deslocamento até diferentes regiões de Campo Grande.
A fixação em um ponto é contrária à proposta das empresas de tecnologia, que mantém o motorista sempre rodando e oferecem viagens pedidas dentro da rota daquele momento. Por outro lado, é oportunidade para os taxistas prestarem serviço a quem confia mais no modelo tradicional e precisa de carro disponível para já.
Ernani Souza Silva, 49, começou a trabalhar com táxi em 2015, um ano antes de a Uber começar a operar em Campo Grande. Só trocou de ponto uma vez desde então: saiu do Centro e foi para outro na rua lateral do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian. Está lá há quatro anos.
Ele compara. "O ponto atual está muito bonito em questão de estrutura. No antigo, arrancaram a árvore e tiraram nossa sombra. Ainda é bom [o táxi]. Pessoal que vai para o hospital visitar os parentes pega muito táxi, principalmente as pessoas idosas que não sabem mexer no aplicativo e são mais seletivas", fala.
O taxista chegou a trabalhar como motorista de aplicativo, mas desistiu após sofrer dois assaltos. Ele se diz satisfeito com a opção que fez. "Você tem uma central, o carro é rastreado, acho bem melhor. A realidade do taxista já esteve pior, agora está começando a estabilizar. Quem anda de táxi não deixa de usar. A gente tem cliente fixo, então isso ajuda", comenta.
Várias mudanças - Já Antonio Oliveira Rodrigues, 68, está há 40 anos no ramo. Mudou de ponto várias vezes e permanece fiel à profissão, mesmo ela não sendo tão rentável quanto antes.
Atualmente, seu carro fica estacionado no Centro à espera de clientes. Na segunda semana deste mês, chegou a dar cobertura para um colega no ponto da Avenida Cônsul Assaf Trad, em frente a um supermercado atacadista. Ele afirma não ter sentido muita diferença no movimento.
Sempre que há transferência ou permuta de ponto entre dois taxistas, é preciso formalizar a solicitação junto à Agetran (Agência Municipal de Trânsito). Como o serviço é regulamentado e gerenciado pela pasta, alvará é exigido para fazer a troca. Publicações que autorizam ou não pedidos assim são publicadas eventualmente no Diário Oficial de Campo Grande.
Ele pensa em parar de vez. Enquanto não para, prefere a segurança do táxi. Particularmente, não vê novas possibilidades para a profissão que exerceu na maior parte da vida até agora. "Essas mudanças de ponto não interferem em nada porque hoje em dia está tudo igual. A prefeitura não tem mais interesse em táxi", afirma.
Quantos são - De acordo com informações da Agetran, há 89 pontos cadastrados na Capital e 527 alvarás de taxistas. Há cinco anos, quando a concorrência com o aplicativo se acirrava, eram 611 alvarás de taxistas, segundo a pasta.
É a Agetran quem determina a quantidade e localização dos pontos de táxi na cidade. O presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul), Flavio Panissa, frisa que é da responsabilidade dela permitir a troca de forma que pontos não fiquem vazios, ou extingui-los, caso não haja interesse dos motoristas em ocupá-lo.
Flavio, que também é dono da empresa Coopertaxi, afirma que a troca ou permuta de pontos sempre ocorreu entre os taxistas e que, hoje, faz mais sentido procurar pontos que permitam fácil acesso a outras localidades. "A Coopertaxi, por exemplo, tem telefone e aplicativo. O mais interessante nesse caso é estar num local onde o motorista possa se deslocar rapidamente até uma região mais distante", explica.
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