Mulher denuncia truculência policial em cobrança de dívida
Segundo a vítima, ela chegou a ser agredida pelos agentes de segurança pública
Laura de Oliveira Guedes, de 38 anos, denunciou três policiais militares por lesão corporal durante abordagem em frente ao condomínio onde mora no bairro Monte Castelo em Campo Grande. Além dos PMs, ela afirma ter sido agredida também por um policial civil na cela da 2ª Delegacia. O caso foi denunciado às corregedorias das polícias Civil e Militar.
No depoimento, a mulher conta que tudo começou quando um homem de 62 anos, de quem comprou motocicleta na semana anterior, começou a ameaçá-la, alegando não ter recebido o valor. "Eu fiz um TED (transferência eletrônica), mas não deu certo, então no mesmo dia eu dei R$ 5 mil, valor à vista, em dinheiro pra ele. Tenho recibo e tudo, inclusive com assinatura dele", explicou. Mesmo assim, diz, o vendedor passou a ameaçá-la.
Após afirmar que chamaria a polícia, o idoso teria ido até a casa da mulher juntamente com dois policiais militares na manhã de terça-feira (29). Ao atendê-los na portaria, a mulher contou que teria sido recebida com armas em punho. "Eles foram bem hostis. Como estavam sem mascara falei para se afastarem por causa do coronavírus, mas um deles disse que era médico e falou que desacatei ele", contou.
Nesse momento, afirma, teria sido empurrada por um dos policiais e derrubada no chão pelo outro. Ainda no registro, ela citou um terceiro policial que chegou e começou a chutá-la. Ao colocá-la na viatura, um dos militares ainda teria mexido nas partes íntimas da mulher.
Fui humilhada, machucada na frente de todo mundo, algemada e colocada dentro do camburão", relatou, afirmando ainda que teria pedido para buscar uma bombinha, já que tem asma e estava com falta de ar, mas o pedido foi negado.
Conforme o documento registrado na Corregedoria da PM e enviado à reportagem, Laura foi levada para a 2ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Monte Castelo.
Quando chegou, relatou, policiais civis começaram a rir. Ela conta que foi "jogada no chão de uma cela".
Ao pedir água um dos policiais civis disse que ela poderia tomar água da privada. Depois de cerca de três horas, teria saído da cela para prestar depoimento e em seguida voltou para o local, momento em que o agente civil a jogou no chão, apertou sua cabeça na parede com o pé e desferiu chutes, além de apertar e torcer os punhos com as algemas.
Depois de 6 horas depois, segundo ela, foi liberada da delegacia e seguiu para o Hospital do Pênfigo, onde fez raio x. O resultado não constatou fraturas.
Ela afirmou à reportagem que passou por exames no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). Segundo ela, foram constatados sinais de violência.
Outro Lado- No boletim registrado na delegacia, os policiais afirmam que foram atender a ocorrência de estelionato e ameaça do idoso que havia vendido uma moto e não recebeu por ela. Chegando no local, ambos foram recebidos por Laura com xingamentos e palavras de baixo calão, como "Vocês não prestam para nada", "Seus filhos da p. incompetentes".
Segundo o registro, em seguida a mulher teria começado a agredir a guarnição com socos e chutes. Um outro policial que passava pelo local teria ajudado a conter a mulher. Ela foi encaminhada para a 2ª Delegacia de Polícia Civil.
Investigação- Segundo a Corregedoria da Polícia Militar, foi feita uma reclamação no órgão referente à ocorrência atendida pelos policiais militares e em decorrência disso a mulher foi encaminhada à Delegacia. "A Policia Militar abrirá procedimento administrativo apuratório fins de oportunizar os direitos às partes".
A corregedoria da Polícia Civil também confirmou que a reclamação foi recebida. Em nota, o órgão afirmou que a própria Corporação orientou a registrar ocorrência no órgão de fiscalização do trabalho policial. "O caso será criteriosamente investigado", afirma o texto.
A reportagem não conseguiu localizar o vendedor da motocicleta, cujo nome foi represervado.