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Capital

Mutirão do interior lota Hemosul para “devolver” sangue que salvou criança

Moradores de São Gabriel do Oeste contribuem para fazer com que o centro esteja com público esperado na véspera de feriado

Izabela Sanchez | 10/10/2019 10:53
Sala de espera lotada em pleno véspera de feriado no Hemosul (Foto: Henrique Kawaminami)
Sala de espera lotada em pleno véspera de feriado no Hemosul (Foto: Henrique Kawaminami)

Solidariedade corre nas veias do interior do Estado. Ao menos em São Gabriel do Oeste, a 140 km de Campo Grande, onde um mutirão de moradores contribuiu para fazer com que, em plena véspera de feriado, o Hemosul (Hemocentro Coordenador de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, atinja público esperado para os dias comuns.

Nesta quinta-feira (10), um dia antes da data que comemora a criação de Mato Grosso do Sul, até às 9h 80 pessoas ocuparam as cadeiras de espera e os divãs da sala de doação do Hemosul. Nesta quinta e no sábado (12), o centro funciona durante a manhã, abertura especial, já que na sexta-feira (11) estará fechado.

Em dias normais a média de doação é de 140 pessoas durante o dia todo. A caravana vinda de São Gabriel do Oeste, com van cedida pela Prefeitura, deveria ter atingido 40 pessoas e, ainda assim, as cerca de 10 pessoas que vieram em pleno feriado prolongado contribuem para manter a esperança viva para quem precisa receber sangue.

Caravana de São Gabriel do Oeste (Foto
Caravana de São Gabriel do Oeste (Foto

O motivo é inusitado e demonstra muita sensibilidade. Uma criança de 5 anos que vive na cidade teve uma perna amputada e quase perdeu um braço após desenvolver patologia por uma bactéria. O Hemosul salvou sua vida e agora, os moradores de São Gabriel querem salvar o Hemosul: retribuir o sangue doado à menina.

A técnica em saúde bucal Queila Alice de Oliveira, 32, fez o pedido para que a Prefeitura da cidade organizasse o transporte. “Ela [criança] usou muito e agora estamos vindo devolver”, conta ela, que foi surpreendida pela quantidade de doadores no Hemosul nesta quinta.

“Sou doadora há 5 anos, doo sempre uma vez ao ano. Fiquei surpresa, achei que ia ter menos pessoas aqui, não é comum, pelo menos as pessoas não comentam que doam”, disse.

O Hemosul sempre precisa de sangue, especialmente os tipos O positivo e negativo. Quem também veio do interior do Estado para abastecer o centro foi a agente de arrecadação de São Gabriel do Oeste, Bia Fernanda Pedó, 32. A funcionária pública comenta que a irmã, que já teve leucemia, sensibilizou a família e todos passaram a doar sangue e medula.

“Já doei outras vezes em São Gabriel, mas aqui é a primeira vez. A partir do momento que você sente na pele, quando a dor é na família da gente, tudo muda. Doar sangue no momento é a coisa mais importante. Fiquei surpresa, pensei que ia chegar e ter uns gatos pingados”, comentou.

Queila pediu o transporte para a Prefeitura (Foto: Henrique Kawaminami)
Queila pediu o transporte para a Prefeitura (Foto: Henrique Kawaminami)
Jovem e militar, Rafael foi ao Hemosul doar sangue pela primeira vez (Foto: Henrique Kawaminami)
Jovem e militar, Rafael foi ao Hemosul doar sangue pela primeira vez (Foto: Henrique Kawaminami)

Jovens – O militar de 20 anos Rafael Divino, estudante de história, representa uma faixa etária pouco vista ali: jovens. Ele afirma que o motivo é que são pouco informados sobre o assunto e disse que o Exército contribuiu para ficar sensibilidade sobre doação de sangue e medula. É a primeira vez que ele foi ao Hemosul.

“Já queria doar, mas não tinha tempo por conta do Exército, também sou doador de medula. Quis ser voluntário. É interessante o movimento de hoje, mas deveria ser melhor divulgado. Falta interesse e informação [entre os jovens]”, opinou.

Agulha na veia: é rápido e quase indolor doar um pouco de sangue (Foto: Henrique Kawaminami)
Agulha na veia: é rápido e quase indolor doar um pouco de sangue (Foto: Henrique Kawaminami)
Sorrido no rosto do empresário André Luiz (Foto: Henrique Kawaminami)
Sorrido no rosto do empresário André Luiz (Foto: Henrique Kawaminami)

O trabalhador autônomo, e morador de Campo Grande, Cristhian Castro, 27, é um frequente doador, conforme explica. “Comecei voluntariamente, venho três vez ao ano. Como tive que vir ao centro da cidade, aproveite. Minha última doação foi em fevereiro, tive dengue, precisei esperar”, explica.

Empresário, André Luiz, 33, estava deitado na sala gelada de doações, a espera de que a enfermeira retirasse a agulha do braço. Depois que o pai precisou de sangue, ele se tornou doador. “É a segunda vez. Meu amigo me chamou hoje e falei: ‘vamos’. Achei bem movimentado, achei que ia ter menos gente”.

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