Na Rua Ceará, pressa mata e faz de condutores e pedestres infratores recorrentes
Trecho entre Rua da Paz e pontilhão é cenário de vários acidentes e mortes por imprudência
Foram necessários apenas 15 minutos observando a Rua Ceará, entre as ruas da Paz e Paraná, para a reportagem flagrar vários casos de irregularidades no trânsito. No trecho é comum que motoristas, motociclistas e pedestres tentem ganhar tempo, utilizando atalhos que podem acabar sendo fatais.
Ontem (30), Genalva Rodrigues de Lima, 54 anos, morreu ao ser atropelada na via, ao atravessar fora da faixa de pedestres. A condutora que a atingiu informou que saiu da Rua Paraná para entrar na Ceará e não teve tempo hábil de frear.
Na calçada perto de onde a mulher morreu, está instalado ponto de ônibus. É comum ver muitas pessoas atravessando naquele local para chegar à rua de acesso ao shopping, uma forma de tentar encurtar o caminho, já que a faixa de pedestres mais próxima fica a 150 metros, no cruzamento com a Rua da Paz, na subida. No lado contrário, a outra faixa fica depois do pontilhão, na esquina da Rua 15 de Novembro.
O hábito de cortar caminho também é comum entre os condutores. Somente nos 15 minutos citados acima, a reportagem presenciou dois motoristas que estavam na Rua Ceará, sentido a Avenida Mato Grosso, fazer a conversão à esquerda. Há, também, os que fazem a manobra ilegal para entrar na alça de acesso à Avenida Afonso Pena.
Foi no cruzamento da Rua da Paz, no dia 24 de janeiro de 2023, que caminhoneiro fez conversão irregular e acabou atingindo a moto de Maicon Ferreira Dias, 29 anos, que morreu no local. No dia 4 de junho de 2023, Gilmara Canhete Bernardo, 46 anos, também fez a manobra e acabou morrendo, na colisão da moto dela com carro que seguia na Ceará.
“A Ceará é muito conturbada”, avaliou a servidora pública Janyne Nogueira Ribeiro, 35 anos, que aguardava o ônibus no ponto. “Tem fluxo grande de veículos, que têm mania de andar correndo”.
Janyne acredita que é preciso reestruturação da via, com instalação de mais redutores de velocidade. “Semáforo tem bastante, mas o que as pessoas não respeitam é a velocidade, todo mundo sabe que tem que dirigir com cautela, mas, infelizmente, só respeitam se tiver radar ou levar multa”.
A reportagem percorreu a Rua Ceará até a Avenida Mato Grosso, mas os comerciantes preferiram não falar sobre o trânsito.
No cruzamento com avenida, o estagiário em direito, Kauã Surani, 20 anos, aguardava o ônibus no ponto instalado a poucos metros da faixa de pedestres. Mesmo ali, segundo ele, a movimentação é intensa e ele já teve que ficar parado no meio da faixa, esperando a passagem dos veículos que saem da Mato Grosso para entrar na Ceará.
“Eu sinto dificuldade em atravessar, aí tem que correr; mesmo na faixa, o pessoal não respeita, fora da faixa, é impossível”, diz. Sobre o problema recorrente na Rua Ceará, acredita que a instalação de faixas próximo dos pontos de ônibus ajudaria. “Mas falta conscientização”.
A conversão ilegal à esquerda é pena prevista no artigo 207 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), sujeito a multa de R$ 165,23 e atribuição de cinco pontos na carteira. Para pedestres, atravessar fora da faixa também é transgressão leve prevista no artigo 254, com multa de R$ 44,19.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para saber se há projetos que auxiliem no tráfego e na passagem de pedestres, principalmente no trecho da Rua Ceará próximo da Rua da Paz, mas ainda não obteve retorno.
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