Na UTI, Yago batalha pela vida que mãe resistiu para que conhecesse
Menino é pequeno, tem só 34 centímetros e 1,05 kg, mas já dá lições, responde muito bem ao tratamento
Há 24 horas, o pequeno Yago batalha pela vida numa incubadora da UTI Neonatal da Santa Casa de Campo Grande. Agora sem a ajuda da mãe, Renata Souza Sodré, 22 anos, que teve os aparelhos que a mantinham viva desligados logo após o nascimento do filho, o menino resiste e responde bem ao tratamento.
Mesmo sendo um lutador desde antes de vir ao mundo, Yago é sensível. E, assim como quando ainda estava na barriga de Renata, recebe cuidados especiais da equipe médica. Por enquanto, o trabalho dos médicos é deixá-lo quietinho e seguro dentro da incubadora.
Dentro do aparelho, ele sequer pode ver a luz. Está com os olhos tapados por tampões, recebe oxigênio úmido e um tipo de tratamento baseado em luz artificial.
O menino é pequeno, tem só 34 centímetros e 1,05 kg, mas já dá lições. Responde muito bem ao tratamento, com sinais de que a recuperação será rápida.
Se continuar assim, talvez na próxima semana, Yago já possa ver a luz novamente, enxergar a vida, que a mãe resistiu tanto para que ele conhecesse.
Drama – O caso de Renata e Yago é inédito em Mato Grosso do Sul e foi marcado por troca de informações com médicos do Espírito Santo e Portugal, onde houve situação similar. Com a morte encefálica da paciente, o nascimento do bebê era uma aposta de alto risco.
“É muito difícil um caso como esse porque além do risco de morte, tem o risco de infecção. Tudo compromete a viabilidade do nascimento dessa criança”, afirmou a médica Patrícia Berg Leal, responsável pela UTI (Unidade de Terapia de Intensiva), em entrevista ao Campo Grande News no dia 2 deste mês.
Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 27 de janeiro, Renata teve a morte cerebral constatada por dois exames clínicos mais exame de imagem. Os exames também apontaram que o feto vivia e entrava na 17ª semana.
O marido Eduardo Noronha, 25 anos, contou que Renata nem sabia o sexo da criança, pois, na última vez que ela pôde acompanhar o exame, não foi possível saber se viria menino ou menina. Porém, ela já havia escolhidos os nomes.
Com o caso explicado à família e acompanhado pela Comissão de Ética do hospital, começou a administração diária de medicamentos, pois, com a morte cerebral, o corpo para de produzir hormônios.
Contra o risco de infeção, o trabalho envolvia todos os setores da UTI, da limpeza ao corpo clínico. A médica contou que a paciente recebia a mesma atenção das demais pessoas internadas na terapia intensiva, que, por atender os casos graves, tem regras rígidas de funcionamento.
A gestação deveria ser mantida, pelo menos, até a 28ª semana (sete meses). Segundo a médica, não havia como prever sequelas. A gravidez era monitorada por exames e ultrassons todos os dias.