‘Não lavei dinheiro’, garante Gilmar Olarte ao sair da prisão após 42 dias
Fiança de R$ 30 mil foi paga, alvará expedido à tarde, mas casal só saiu por volta das 20h
“Não existe nenhuma lavagem de dinheiro. Vamos provar isso no processo”. Foi o que disse o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, ao chegar no Patronato Penitenciário da Capital para instalar a tornozeleira eletrônica.
O pastor evangélico e a mulher dele, Andreia Olarte, chegaram ao local em uma viatura da Polícia Militar e acompanhados do advogado deles, Jail Benites de Azambuja, o mesmo que disse à imprensa que o casal teria de passar mais uma noite da prisão porque a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) não tinha funcionário a disposição para colocar as tornozeleiras.
Azambuja deu a declaração ao sair da frente do Presídio Militar Estadual, no fim da tarde desta terça-feira (27), mas lodo depois da Agepen desmentiu.
Gilmar desceu na frente e conversou com a reportagem. Já Andreia só saiu do carro quando o portão do Patronato já estava aberto e entrou sem dar declarações. Ela aparenta estar bem abatida.
O casal deixou o local abraçado por volta das 20h25, quase meio hora depois de chegar.
Liberdade – Gilmar e a mulher estavam presos há 42 dias. A defesa do casal tentou vários habeas corpus na Justiça Estadual, recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas só depois que Olarte renunciou aos cargos de prefeito e vice-prefeito, perdeu o foro privilegiado e o processo contra ele caiu para o 1º Grau é que conseguiu que pedido fosse analisado por juiz local.
O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, revogou a prisão preventiva do casal nesta terça-feira (27), mas impôs restrições.
Familiares e amigos de Gilmar e Andreia fizeram uma “vaquinha” para pagar a fiança de quase R$ 30 mil e o magistrado expediu o alvará de soltura no meio da tarde.
Além de usar as tornozeleiras, o casal está proibido de se ausentar da cidade e terá de entregar os passaportes para a Justiça. Eles também não podem fazer qualquer contato com os outros acusados.
Operação – A investigação começou após dados obtidos com a quebra de sigilo bancário da ex-primeira-dama, assim como de sua empresa, a Casa da Esteticista.
Além de comprarem imóveis usando o nome de “laranjas”, Gilmar e Andreia os registravam com valores até 15 vezes abaixo que o de mercado. Os preços reais investidos eram completamente incompatíveis com a renda declarada do casal, evidências claras que o pastor evangélico e a esposa fizeram verdadeira “farra” do o dinheiro público, enquanto ele estava no comando do município, segundo a denúncia do Gaeco.
Em um ano e dois meses – de maio de 2014 a julho de 2015 –, Olarte e Andreia compraram três chácaras, cinco terrenos, dois imóveis em condomínio e começaram a construção de casa orçada em R$ 1,3 milhão no residencial Damha 2, em Campo Grande. O período coincide com o tempo que o pastor foi prefeito da Capital após a cassação de Alcides Bernal (PP), em março de 2014.