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Capital

"Não somos irresponsáveis", dizem pais que denunciaram nazismo e racismo

Fala veio após acusação do pai e advogado do autor nesta quinta-feira na Depca

Karine Alencar | 18/03/2022 14:09
Aluno vítima de racismo mostra tema de protesto realizado pelo Instituto Federal nesta quinta-feira. (Foto: Kísie Ainoã)
Aluno vítima de racismo mostra tema de protesto realizado pelo Instituto Federal nesta quinta-feira. (Foto: Kísie Ainoã)

"Não somos irresponsáveis. Se fôssemos, teríamos ignorado o que disse o ameaçador. Quando esse menino fala em massacre, todos correm riscos, é um discurso de ódio. Nenhuma fala sobre racismo pode ser levada como brincadeira”, disseram os pais das vítimas ao Campo Grande News.

A fala veio após José Evaristo de Freitas, pai e advogado do aluno José Evaristo Diel Freitas, de 18 anos, acusado de fazer as ameaças, dizer aos jornalistas na manhã desta quinta-feira (17), que as mães dos demais alunos foram irresponsáveis e estão iniciando uma disputa racial.

O advogado disse ainda que o filho dele é quem está sofrendo danos irreparáveis por ter o nome dele exposto, o nome da família exposto sem ter provas contra o jovem e que tomaria todas as medidas no cunho criminal e cível.

Do outro lado, o grupo formado por duas mães e dois pais de dois dos cinco alunos ameaçados por José, contam que depois da repercussão do caso, a vida das famílias foi revirada de cabeça para baixo, já que várias medidas precisaram ser tomadas para evitar que o pior acontecesse.

"Como a gente vai ouvir um filho contando coisas como essas e não vamos ficar com medo? É impossível. Eles não querem deixar de ir para o IF, aquilo lá é a vida deles, sempre sonharam em estar ali. Depois disso, nós tomamos algumas providências", conta uma das mulheres.

Nos últimos dias, os meninos foram proibidos de almoçarem próximo ao campus, além de andarem de ônibus." A gente tem que levar, buscar. Mudou toda a nossa rotina, foi necessário privar o direto dos nossos filhos de ir e vir", disse. "Estamos abalados, desestruturados com tudo que está acontecendo", completa em seguida.

Na tarde de ontem, o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) promoveu uma manifestação com o tema "Por um IF sem racismo", mas para os responsáveis pelos adolescentes, faltou muita atenção sobre o assunto por parte da escola.

"Hoje, quando cheguei lá, estava tendo uma reunião e depois, teve um protesto pacífico. Mesmo assim, achamos que faltou uma segurança maior no tratamento deles", falou outra mãe.

Segundo ela, depois dos relatos, José demorou a ser suspenso das aulas, os pais não foram chamados para reunião e tudo seguiu normalmente, mesmo com os relatos e confirmações de outros alunos. O autor das ameaças só chegou a ser retirado de sala após as famílias solicitarem à direção.

Conforme já noticiado pelo Campo Grande News, o boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial foi registrado pelas mães de três alunos do IFMS no dia 28 de fevereiro, mas só ganhou visibilidade nesta semana, após reportagens sobre o crime.

Em nota, o instituto disse que a apuração preliminar do campus não constatou a veracidade das ameaças. Os estudantes da turma têm recebido orientações pedagógicas com informações a respeito dos prejuízos causados à humanidade pelo nazismo.

"O IFMS é uma instituição pública federal de ensino que tem entre seus principais valores a ética e o compromisso com a igualdade social, repudiando qualquer tipo de discriminação ou apologia a ideologias que não condizem com uma sociedade igualitária", diz a nota.

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