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Capital

Não tem jeito: Torneio na pandemia tem adulto em aglomeração com linha chilena

Tradicional e marcado pelo Whatsapp, campeonato também investe na perigosa linha chilena sem medo dos riscos

Izabela Sanchez e Marcos Maluf | 17/05/2020 16:38
Domingo é dia de campeonato, mesmo em época de pandemia (Foto: Marcos Maluf)
Domingo é dia de campeonato, mesmo em época de pandemia (Foto: Marcos Maluf)

A pandemia parece passar longe da tarde ensolarada no bairro Jardim Carioca em Campo Grande. O salto preocupante dos 62 novos casos de covid-19 em Mato Grosso do Sul nem se vê em frente ao condomínio Nelson Trad neste domingo (17), onde a praça é arena do campeonato de pipa que não economiza na aglomeração.

Se até a camiseta fica em casa, que dirá a máscara. A preocupação é cortar a pipa do adversário e para isso, segundo contaram os moradores preocupados, 80% lançam mão da perigosa linha chilena, ou cerol, como é popularmente conhecida a mistura de cola de sapateiro com vidro moído que a molecada passa nas linhas das pipas.

Molecada vai chegando para participar do campeonato no Jardim Carioca (Foto: Marcos Maluf)
Molecada vai chegando para participar do campeonato no Jardim Carioca (Foto: Marcos Maluf)

Até adulto se aventura no campeonato, faltando no exemplo, mas sobrando na irresponsabilidade. O campeonato é marcado até pelo aplicativo de Whatsapp, conforme explicaram os moradores, e acontece também nas ruas ao redor, em competições paralelas.

E atrai também participantes de outros bairros. É o que contou a autônoma Janaina Santos, de 31 anos. “Todo fim de semana tem campeonato de pipa aqui. Eles têm um grupo de whats e marcam por lá. Acredito que 80% dos participantes usam linha chilena”, conta ela, que tem dois filhos e diz ter medo de deixa-los sair de casa e enroscarem na linha com cerol.

 “Medo de deixar eles saírem de casa e, de repente, passar por um menino com essa linha”, disse Janaina.

“Eles estão muito errados, porque já teve caso confirmado de covid-19 no condomínio de trás. Espero uma solução das autoridades”, critica.

O mecânico industrial Elison Fonseca, 34, critica a presença de adultos no local. “Acredito que a atitude de quem organizou é de muita irresponsabilidade. As crianças não tem noção de distanciamento, quando menos se espera, estão em cima uma das outras brincando”, disse.

“Tem muito cara barbado praticando guerrinha de pipa e incentivando os mais novos”, criticou Elison.

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A autônoma Eliane de Souza, 51, disse sentir-se frustrada ao perceber que todo seu esforço parece em vão com a praça lotada.

“É complicado manter o isolamento, estou cumprindo todas as regras, mas saio para fora de casa e vejo um monte de gente na praça, é como se todo o meu esforço estivesse indo por água abaixo. Só que, por outro lado, é complicado manter um monte de criança dentro de casa”, conta ela.

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