Nem delegacia põe medo em ladrões e onda de furtos domina o "Tijuca Mil Grau"
Moradores relatam que paz foi embora há cerca de três meses com onda de furtos e assaltos
A região tem até delegacia, é endereço da 6ª DP, mas onda de crimes no bairro Tijuca chegou ao ponto de ladrão levar até marmita para almoçar durante furto em uma casa. Tentando solucionar o problema da segurança, moradores transformaram página do bairro em mural de ocorrências e criaram grupo de Whatsapp para monitorar ruas.
Criada há mais de um ano, a página Tijuca Mil Grau surgiu para compartilhar memes da região, mas o viés engraçado acabou se misturando com avisos de furtos e roubos. Responsável pela página, Vander de Paula, de 32 anos, conta que os últimos três meses ilustram a mudança de foco.
A mudança começou com um post, que veio seguido de vários outros. “Depois de publicar uma coisa apareceram mais pessoas. Hoje dá para ver que os assaltos, pelo o que percebi, tem até direcionamento”, diz, indicando que a maioria dos relatos é de mulheres, que viraram alvos preferenciais.
Em comentários, os seguidores relatam que o bairro está voltando a ficar perigoso. Em uma das postagens, moradora fala sobre casal saindo de casa com objetos furtados. Ela conta que os ladrões saíram com tanta coisa que abandonaram até mochila e marmitas na sala.

Distribuídos pela página, comentários de moradores ilustram que os ladrões da região não fazem seleção muito específica sobre quais objetos irão furtar. Além de entrar em casas e saírem com televisões e videogames, os crimes também incorporam bicicletas e até igrejas.
De acordo com comentário de pastor, sua igreja já foi invadida e furtada mais de seis vezes. "Realmente está muito difícil nessas imediações", diz.
Sofrendo com a criminalidade, proprietária de salão de beleza explica que a fiação do local também entrou no quadro de registros, "Na Rua Souto Maior tá uma onda de furtos. Já roubaram duas vezes o fio de energia em uma semana".
Mesmo com a página no Facebook se tornando mural, alguns moradores resolveram aumentar a rede de conexão criando grupo de Whatsapp para vigiar ruas em tempo real.
Uma das criadoras, Luana Jara Castro, de 29 anos, conta que o grupo começou com três pessoas e hoje acumula mais de 100.
Primeiro a gente tinha só comerciante porque é bom ficar de olho, depois fomos incluindo moradores. Eu moro aqui há 20 anos e antes era bem mais tranquilo, agora tem crime em todo horário.
Ainda de acordo com Luana, a sensação de desespero ameniza com o auxilio do grupo. "Você fica mais tranquilo porque consegue acompanhar se alguém estranho aparece por perto, dá uma segurança maior. Já entraram na mecânica do meu sogro, então a gente fica mais esperto", diz.
Relatando esse cenário, o vendedor Jorge Luís Santos, de 40 anos, diz o medo faz parte do cotidiano. "Eu já vi até gente de outras casas levando coisa. O problema é que não tem muito o que fazer. Eu só ando até o serviço porque dá medo de acontecer alguma coisa e me roubarem".
Comerciante, Valmir Rossi Lourenço, de 55 anos, conta que consegue se sentir um pouco mais protegido com cerca elétrica e concertina. “Aqui faz muito tempo que aconteceu algo, mas a gente vê muito furto e assalto sim. Essas lojas da região vivem tendo coisa levada”, explica.

Alta frequência - Responsável pela área do Jardim Tijuca, o delegado titular da 6ª DP (Delegacia de Polícia de Campo Grande), Jeferson Rosa Dias relata que roubos na região têm sido semelhantes. “Geralmente é de madrugada e pela manhã, só nesta terça-feira (17) foram registrados três na região. Encaminhamos esses casos para a delegacia especializada investigar”.
Outro ponto levantado pelo delegado é que os criminosos costumam atuar justamente na falta de prevenção em relação aos furtos. “A pessoa deixa porta aberta, luz acesa até meio-dia, coisa na frente de casa. Aí os ladrões aproveitam e entram mesmo”.
Desde outubro outra movimentação na página Tijuca Mil Grau é composta com comentários que indicam aumentar o número de boletins de ocorrência para chamar mais atenção. Uma das seguidoras deixa em destaque a instrução: “galera, uma coisa ouvi sexta passada, não adianta só ficarmos revoltados, precisamos agir. Temos que registrar cada furto”.