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Capital

Notificações de dengue crescem, mas sintomas indicam que pode ser zica

Falta de sintomas comuns em casos de dengue e presença de outros foram percebidos pela Sesau; parte das mais de 10 mil notificações da doença pode se outro tipo de vírus

Liniker Ribeiro e Aline dos Santos | 20/03/2019 07:05
Marcelo Vilela (direita) participa de reunião com equipe do Ministério da Saúde e da secretaria estadual (Foto: Henrique  Kawaminami)
Marcelo Vilela (direita) participa de reunião com equipe do Ministério da Saúde e da secretaria estadual (Foto: Henrique Kawaminami)

Somente este ano, Campo Grande registra 10,6 mil notificações de dengue, de acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). O número, que impressiona, também foi o motivo para o decreto municipal de emergência por epidemia da doença. Mas a falta de sintomas comuns, como febre alta, e a presença de outros, como diarreia, podem indicar que, na verdade, os casos já notificados como dengue podem ser de zika vírus ou outro tipo de vírus que entrou em circulação.

A avaliação parte da própria Sesau. De acordo com o titular da pasta, Marcelo Vilela, a secretaria tem notado uma mudança nos sintomas dos pacientes nesta epidemia, percepção decorrente dos atendimentos que tem feito nas unidades de saúde. Por isso, segundo ele, será feito um levantamento para avaliação, já que pode ser caso de zika vírus e não de dengue.

Vale lembrar que, além das duas doenças, o Aedes Aegypti também é transmissor da chikungunya. Os números também alertam para a possibilidade de, no próximo verão, Campo Grande sofrer com uma epidemia ainda maior das três doenças ao mesmo tempo.

"Os casos estão sendo notificados como dengue, mas o comportamento não é clássico da doença. Ministério da Saúde está confirmando isso. Pode ser zika, chikungunya, mas parece que seria mais zika vírus mesmo. Pode até ser outro tipo de vírus que está circulando e ninguém sabe, tudo precisa ser avaliado", afirma Vilela.

Ainda segundo ele, agora que estamos no auge da epidemia, não será possível destinguir exatamente o que é cada caso. "Isso será avaliado, mas a confirmação deve vir apenas lá por maio, quando essa epidemia passar", complementa.

Processo – Quem busca atendimento na rede pública de saúde confirma a dificuldade em saber o que realmente está enfrentando. A auxiliar administrativa Elisângela Paulina Loureiro Valiente, de 28 anos, por exemplo, tem feito acompanhamento médico há uma semana, desde que os primeiros sintomas surgiram.

“Primeiro eu procurei um hospital conveniado ao meu plano de saúde que apontou uma infecção alimentar grave. Mas, nos dias seguintes, continuei passando mal e fui até a UPA do Leblon. Lá eu fiz exames e classificaram o que tinha como sendo dengue”, revela.

Porém, a paciente continuou indo até a unidade de saúde fazer acompanhamento e, na segunda-feira (18), um outro médico que analisou seus exames descartou a doença, apontando que seria chikungunya. Apesar disso, o primeiro diagnóstico já havia sido feito e, provavelmente, o caso registrado como dengue, estando entre as notificações já registradas na Capital.

Nesta terça-feira (19), outra mudança. O medico que atendeu Elisângela, na mesma UPA, não só descartou a dengue, como a chikungunya. “Falaram que é só um quadro viral que estava sendo tratado como dengue desde o começo”, afirmou.

Segundo ela, o primeiro sintoma foi dor abdominal forte. “Eu não conseguia nem dormir. Em seguida, tive diarreia por dois. Dias depois, foi falta de ar, dor de cabeça e tontura”, revelou Elisângela. A paciente tem um novo exame marcado para o dia 22 de março.

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