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Capital

Onda de furtos assusta comerciantes e muda rotina na Marquês de Lavradio

Comércios em via do Tiradentes vivem com rotina de invasões e furtos; Vítimas acreditam que autores são viciados em drogas e planejam ações preventivas por conta própria para se prevenirem

Rafael Ribeiro e Marcus Moura | 11/04/2017 07:33
Fachada de lanchonete invadida nesta madrugada:
bandidos quebraram porta de vidro (Fotos: Reprodução)
Fachada de lanchonete invadida nesta madrugada: bandidos quebraram porta de vidro (Fotos: Reprodução)
Segundo proprietário, dor de cabeça é pelo custo de manutenção do estrago
Segundo proprietário, dor de cabeça é pelo custo de manutenção do estrago
Grades colocadas na primeira invasão não inibiram nova ação em dogueria
Grades colocadas na primeira invasão não inibiram nova ação em dogueria

Quando o telefone dos comerciantes da Rua Marquês de Lavradio, na região do bairro Tiradentes, região oeste de Campo Grande, toca durante a madrugada, eles já tem uma certeza: seu estabelecimento foi arrombado e invadido por bandidos.

Desde o fim do ano passado, sempre de madrugada, as lojas, lanchonetes e outros comércios da rua, uma das principais vias de acesso do bairro, são alvos dos criminosos, que arrebentam vitrines, portas ou janelas para furtarem bens como botijões de gás, celulares e notebooks, que seriam de fácil revenda nos pontos de venda de drogas existentes próximo da via.

“Você vê que é um ladrão oportunista, que não é perigoso, mas que está enchendo o nosso saco”, definiu Paulo César Lopes, 27 anos, dono de uma lanchonete. Há quatro meses na região, foi alvo dos criminosos pela primeira vez na madrugada desta segunda-feira (10). “Tocou o telefone às 3h50 eu já sabia o que era.”


Lopes entrou para um grupo de vítimas que desde novembro convive com o medo. No entanto, os crimes se intensificaram no último mês. Pelo menos oito comércios foram invadidos no último mês. Alguns mais de uma vez.


Quando Anderson Ferreira Nascimento, 33, trocou a profissão de vender carros pelo sonho do negócio próprio imaginaria que sofreria dificuldades. Mas não causadas por esse tipo de problema. Sua lanchonete de cachorro-quentes, inaugurada há três meses, foi invadida duas vezes em 12 dias, a última delas no último sábado (8).


Desta vez, no entanto, além do botijão do gás, os bandidos resolveram descontar afronta de Nascimento em colocar grades para proteger a vitrine: bagunçaram todo o estabelecimento, rasgaram documentos e consumiram produtos.


“A gente muitas vezes investe tudo o que temos para tentar buscar uma qualidade de vida melhor, uma vida melhor, e acontece esse tipo de coisa”, lamentou o comerciante.


Da primeira vez, enquanto pedreiros instalavam as grades compradas para proteção, Nascimento dormiu uma semana no próprio comércio afim de afastar os ladrões. Desta vez, vai revezar a tarefa com o sogro. “Minhas filhas da última vez choravam muito, tinham saudade do pai. É um problema que afeta toda a família”, diss
e.

Desta vez, ladrões bagunçaram também o interior de dogueria
Desta vez, ladrões bagunçaram também o interior de dogueria
Documentos de estabelecimentos foram rasgados pelos criminosos na ação
Documentos de estabelecimentos foram rasgados pelos criminosos na ação
Fachada foi novamente destruída na ação dos bandidos, na madrugada de sábado
Fachada foi novamente destruída na ação dos bandidos, na madrugada de sábado

Investir em grades não foi o suficiente para Jacir Neto Fenner, 36. Há dois anos na região com uma academia e um estacionamento, ele já acumulou 12 furtos sofridos, o último dele na semana passada, filmado por suas câmeras, que flagrou o ladrão quebrando a vitrine para entrar no local e furtar os refletores.

Cansado de ser alvo, Neto desembolsa por conta cerca de R$ 2.600 para manter o sistema de alarme, vídeomonitoramento e segurança. Cansado da falta de solução por parte da polícia, sequer registra boletins de ocorrência dos crimes que sofre. “Não adianta nada. Veja agora, a imagem flagrou o rosto do cara, mas nada é feito”, disse.

Vereadores, comando da Polícia Militar e representantes da Guarda Civil Municipal e Polícia Civil realizaram ao menos dois encontros neste período com as vítimas atrás de uma solução. A corporação promete reforçar o policiamento. Mas o descrédito é grande por parte dos comerciantes.


Como o de Helen Chagas, 40. Desde agosto do ano passado, quando chegou ao bairro com sua loja de móveis artesanais e decoração, sofreu duas invasões. “A câmera flagrou perfeito o ladrão e nada foi feito”, disse.


Além de não registrar mais boletins de ocorrência dos crimes que sofre, Neto quer ampliara segurança que montou para seus estabelecimentos. Discute com os colegas vizinhos a criação, por conta-própria, de uma força tarefa, com segurança noturna, sistema integrado de câmeras e alarmes. A idéia é bem recebida por todos.


“Vai ser o jeito. Infelizmente é um moleque que está dando muita dor de cabeça. Será melhor pagar uma quantia mensal para a segurança do que gastar muito para arrumar fachada e vitrines sempre que quebradas”, assegurou Lopes.


Um dos comerciantes, que prefere não se identificar, vai além e quer buscar uma trégua direta com os que acusa serem os responsáveis. “Vou falar com os traficantes se for preciso. Todos sabem que é usuário que vem quebrando tudo, mas fingem que não sabem. Vou logo na fonte dos problemas”, prometeu.

Confira abaixo no vídeo o relato de moradores e frequentadores da via, que também reclamam da insegurança:

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