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Capital

Operação cita rede criminosa envolvendo assaltos para abastecer jogo do bicho

Investigações mostram como disputa por sucessão em comando ainda gera sequência de crimes e muita violência

Por Danielly Escher | 05/12/2023 13:21
Policiais durante operação Successione nesta manhã (Foto: Marcos Maluf)
Policiais durante operação Successione nesta manhã (Foto: Marcos Maluf)

Ao desencadear nesta terça-feira (5) a operação Successione, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul informou que as investigações revelaram a atuação de uma organização criminosa armada e responsável por diversos roubos "em plena luz do dia e na presença de outras pessoas em Campo Grande no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho local". Daí o nome da operação que faz alusão à disputa pela sucessão do controle deste tipo de atividade com a chegada de outros grupos criminosos que migraram para a capital após a “Operação Omertà”.

Investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) constataram, ainda, que a rede "tem grave penetração nos órgãos de segurança pública e conta com policiais para o desempenho de suas atividades, revelando-se, portanto, dotada de especial periculosidade". Não foram informados mais detalhes.

Mandados - Com o apoio do Garras (Departamento Especializado de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), os policiais foram às ruas nesta manhã com o objetivo de cumprir 10 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande e Ponta Porã, cidade distante 323 quilômetros da Capital.

Foram presos o major Gilberto Luiz dos Santos, o “Major G. Santos”, e o sargento Manoel José Ribeiro, conhecido como “Manelão”, ambos da reserva da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Na casa do deputado estadual Neno Razuk (PL) foram apreendidos dois celulares, um tablet e uma pistola.

Entre os dez presos, quatro foram levados à sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros): um também é assessor de Neno, identificado como Diego de Souza Nunes, e o outro é o filho do major G. Santos, Júlio César dos Santos. Os outros presos foram identificados apenas pelos primeiros nomes: Matheus e Valnir. Advogados dos envolvidos movimentaram a sede do Garras e do Gaeco, mas pouco falaram com a imprensa. No geral, afirmaram que precisam "se inteirar" da investigação.

Explicações - Neno Razuk esteve na Assembleia Legislativa pela manhã e comentou sobre o cumprimento dos mandados, afirmando que não é um criminoso. “Não tenho nenhum cambista nenhuma banca não tem nada aqui, eu acho que estão querendo jogar isso nas minhas costas”. Ele rebateu indicando que sabe como funciona a contravenção na Capital. “Eu não tenho nada com isso nada e realmente não querem procurar quem deveriam procurar.”

Em outubro deste ano, o Major Gilberto e Manelão foram encontrados com a "turma do baralho", em um imóvel no Bairro Monte Castelo. Lá, foram apreendidas 700 máquinas de apostas. Os militares chegaram a ser conduzidos para a delegacia, mas foram liberados.

Na época do flagra, G. Santos era funcionário da Assembleia Legislativa, lotado no gabinete de Neno Razuk, desde 2019.

Ligação antiga - Os dois PMs aparecem juntos em episódio que aconteceu em 1997. Conforme noticiado pelo Dourados News, atuando no antigo GOF (Grupo de Operações de Fronteira), os dois foram acusados de homicídio qualificado, com agravante de ação de extermínio. Mas, em março de 2009, foram absolvidos porque os jurados entenderam que os policiais agiram em legítima defesa.

“Manelão” tem ligação com outro nome vinculado ao jogo do bicho em Campo Grande. Pelo menos foi convocado para falar em defesa de Marcelo Rios, o ex-guarda civil que trabalhava para a família Name quando foi preso com arsenal, em 2019, em processo que o ex-servidor municipal responde por posse ilegal de armas.

A ação do Garras, em maio daquele ano, desencadeou a Omertà, operação que mirou milícia armada formada para “proteger” a exploração da loteria ilegal e esquema de agiotagem.

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