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Capital

Operando sem contrato, Santa Casa continua funcionando como ‘postão’

Acordo previa redução de 30% na demanda, mas pronto-socorro recebeu quase 2 mil pacientes a mais no primeiro quadrimestre de 2017 em relação o mesmo período de 2016

Anahi Zurutuza e Yarima Mecchi | 10/05/2017 07:11
No pronto-socorro, pacientes menos graves esperam sentados por atendimento (Foto: Marcos Ermínio)
No pronto-socorro, pacientes menos graves esperam sentados por atendimento (Foto: Marcos Ermínio)

Operando desde o início do ano com contratos “tampões”, a Santa Casa de Campo Grande continua sobrecarregada com pacientes menos graves – os chamados de casos de baixa complexidade, na escala de classificação de risco criada pelo Ministério da Saúde. Nos primeiros quatro meses de 2017, o pronto-socorro do hospital recebeu quase 2 mil pacientes mais que no primeiro quadrimestre no ano passado.

A direção reclama, desde sempre, que os atendimentos oneram as contas da instituição, que já estão no vermelho.

Há um mês, a prefeitura e dirigentes da Santa Casa acordaram que os repasses mensais do município para o hospital continuariam em R$ 20 milhões, valor que era pago pelos atendimentos mensais até dezembro do ano passado.

Mas, ambas as partes tomariam providências para que o maior hospital de Mato Grosso do Sul se concentrasse nos pacientes de média e alta complexidade, deixando de ser um “postão” de saúde e assim, economizando 30% dos gastos com as urgências e emergências.

Na prática, nada mudou e estatísticas provam. Conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa, de janeiro a abril deste ano, 33.439 pacientes passaram pelo pronto-socorro – média diária de 278 pessoas. Foram atendidos 1.940 doentes a mais que no mesmo período de 2016, quando 31.499 foram recebidos e tratados na emergência do hospital – diariamente, a média de 18 pacientes a menos.

O cenário no hospital é o mesmo: corredores lotados e horas de espera, inclusive de pacientes sentados em cadeiras, que dependendo do caso, poderiam estar sendo tratados em um dos dez postos de saúde 24 horas da cidade – as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e os CRSs (Centro Regionais de Saúde), mantidos pelo Executivo municipal.

Cena que não muda, macas nos corredores por falta de espaços nas alas da emergência (Foto: Marcos Ermínio)
Cena que não muda, macas nos corredores por falta de espaços nas alas da emergência (Foto: Marcos Ermínio)
Na entrada do pronto-socorro, pacientes e acompanhantes amargam espera (Foto: Marcos Ermínio)
Na entrada do pronto-socorro, pacientes e acompanhantes amargam espera (Foto: Marcos Ermínio)

Sem contrato – É que por enquanto o combinado feito no gabinete do prefeito Marquinhos Trad (PSD) no dia 6 de abril não foi assinado. De janeiro a abril, a Santa Casa está operando com contratos “tampões” que só prorrogam – primeiro, por 90 dias (até o fim de março) – o acordo que estava em vigor até o ano passado.

Um novo convênio deve ser assinado para viabilizar o pagamento pelos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) recebidos na instituição filantrópica em abril.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) admitiu, por meio da assessoria de imprensa, “no momento a prefeitura não possui um contrato com a Santa da Casa” e que as partes ainda estão em negociação. A secretaria, portanto, ainda não teria a obrigação de resolver a questão da triagem de pacientes antes que eles sejam enviados ao hospital.

Demanda espontânea – A Sesau informou, no entanto, que está reestruturando a regulação – central onde ficam médicos e outros profissionais para avaliar casos recebidos nos postos de saúde, pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Corpo de Bombeiros.

O objetivo é justamente filtrar melhor os pacientes encaminhados para a Santa Casa para reduzir a demanda em 30%, percentual estimado de sobrecarga. Contudo, ainda conforme a Sesau, o reflexo só será sentido a médio prazo.

Outra dificuldade para enfrentar a superlotação é a demanda espontânea, de pessoas quem procuram o hospital sem passar pelos postos ou precisarem do socorro do Samu ou bombeiros.

A direção da instituição e a administração municipal estão negociando a presença de uma equipe da Sesau para auxiliar na triagem de quem chega ao hospital sem encaminhamento. Estes profissionais analisariam previamente o caso para orientar o paciente sobre onde procurar atendimento.

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