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Capital

Orientação do Ministério da Saúde para controle de vacinas não foi cumprida

João Humberto e Michel Faustino | 29/06/2016 20:08
Kátia Mougenot disse que falta de vacinas também é decorrente de imunizações feitas em shoppings e supermercados (Foto: Alcides Neto)
Kátia Mougenot disse que falta de vacinas também é decorrente de imunizações feitas em shoppings e supermercados (Foto: Alcides Neto)

Se a Prefeitura de Campo Grande tivesse seguido a orientação do Ministério da Saúde para o controle das vacinas contra a gripe suína, por meio do SIPNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações), talvez não tivessem ‘sumido’ as cerca de três mil vacinas destinadas à imunização de grupos prioritários. A informação foi feita por Kátia Mougenot, superintendente de Epidemiologia e Vigilância em Saúde de Mato Grosso do Sul, à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Vacinas, durante depoimento hoje à tarde no plenarinho da Câmara Municipal.

Segundo Kátia, foram distribuídas 181 mil vacinas a Campo Grande no início da campanha, que começou em 30 de abril. Antes disso, houve reunião entre as secretarias de saúde do Estado e municípios com a CIB/MS (Comissão Intergestores Bipartite de Mato Grosso do Sul), para definir o processo de imunização em todo MS.

Na ocasião, de acordo com Kátia, ficou decidido que inicialmente a campanha priorizaria a vacinação em dois grupos, o de trabalhadores em saúde e o de doentes crônicos. Posteriormente seria estendido a gestantes e crianças.

As doses foram sendo recebidas de forma gradativa em Campo Grande e até o dia 15 de junho 201.420 doses foram disponibilizadas pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) à Prefeitura da Capital. O ‘sumiço’ das doses, no entanto, se deram em virtude de as vacinas terem sido aplicadas em pessoas não pertencentes aos grupos prioritários.

“Existia preocupação em atender os grupos prioritários, mas pode ser que outras pessoas que não estavam nesse grupo foram vacinadas. Não houve controle rigoroso, principalmente por conta das vacinações ‘extramuros’, aquelas ocorridas em shoppings, supermercados. Esse controle é frágil e muita gente que não estava dentro dos grupos de risco pode ter sido vacinada”, explicou Kátia.

Essa informação vai de encontro às afirmações já feitas pelo secretário de Estado de Saúde Nelson Tavares, que em algumas ocasiões informou ao Campo Grande News a vacinação em grupos não prioritários. Conforme ele, isso acarretou na falta de vacinas.

A fragilidade do sistema de controle das vacinas em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul é decorrente, segundo Kátia, do descumprimento ao SIPNI. Esse sistema, de acordo com a superintendente, é mais completo e rigoroso.

“Quando as pessoas procuram as unidades para se vacinarem, por meio desse sistema é possível elas se cadastrarem. Como o sistema exige estrutura maior, com acesso à internet, o sistema utilizado foi o quantitativo, ou seja, vacinavam e só marcavam a quantidade das pessoas”, detalhou Kátia.

O problema do sistema quantitativo é que pode ser alterado e prejudica a fiscalização. Contudo, o principal entrave para essa situação foi o fato de a imunização ter sido estendida a outros locais.

A diferença entre o volume de doses recebidas e a cobertura vacinal era de 32 mil doses em maio, mas a Prefeitura depurou o número informando que parte ainda estava disponível aos grupos prioritários, incluindo internos dos presídios, restando uma diferença de 3 mil doses que o Poder Público até o momento não soube explicar onde estão.

Na próxima sexta-feira (1), a partir das 13h, os vereadores integrantes da CPI das Vacinas participam de videoconferência com representantes do Ministério da Saúde no prédio da Coordenadoria de Imunizações no Parque dos Poderes. A Comissão Parlamentar de Inquérito é composta pelos vereadores Marcos Alex (PT), presidente; Livio Viana (PSDB), relator; Chiquinho Telles (PSD), Vanderlei Cabeludo (PMDB) e Edson Shimabukuro (PTB).

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