Pai procura filho que sumiu há 2 anos com a ex, acusada de assassinato
Adham Wahab começou campanha na internet em busca de notícias do filho e se aliou à família da vítima, que quer a prisão da suposta assassina
A história é longa. De um pai desesperado em busca de informações sobre o filho, de quem não tem notícias há dois anos, e de uma família que quer justiça. Com objetivos em comum, o tatuador Adham Wahab e os filhos de José Antunes Rodrigues de Oliveira, assassinado aos 57 anos, lançaram campanhas na internet em busca do paradeiro de Emory Luiza Rodrigues Ramos, 34, e Nicolas, de 13 anos.
O adolescente é o filho de Adham, que desapareceu com a ex-mulher do tatuador, foragida da Justiça da Bahia por ter matado o próprio tio, José Antunes, segundo o MP (Ministério Público) do Estado do Nordeste. A busca por notícias do filho começou na metade do ano de 2014, dias depois do assassinato, quando Emory ligou para o ex-marido para pedir dinheiro. “Ela já estava em fuga”, conta.
De mão atadas e sem conseguir ajuda da polícia, Adham decidiu postar o Facebook a foto mais recente que ele tem do filho – Nicolas tinha 11 anos na época – e esperar alguém reconhecer o garoto e fazer contato ou que o adolescente consiga dar notícias.
“Não fiz isso antes porque não queria expor meu filho. Mas, não encontrei outra alternativa. Ele sempre conversou comigo por telefone, me ligava a cobrar do orelhão, dava um jeito, apesar da mãe dele dificultar. Minha preocupação é com o que está sendo dito para ele. Como isso tudo é explicado, o que passa na cabeça dele”, relata o pai sobre a agonia.
Enquanto isso, a família do campo-grandense José Antunes divulga fotos de Emory na esperança de que alguém a denuncie para a polícia e finalmente, ela seja presa. “A gente também tinha medo de como ela reagiria, por causa das crianças. Mas, não teve outro jeito”, explica Ayslane Oliveira, 30 anos, filha do homem assassinado, sobre a decisão da família de tornar a história pública.
O crime – O corpo de José Antunes foi encontrado carbonizado no dia 22 de maio de 2014, mas segundo a polícia da Bahia, tudo aconteceu no dia anterior.
A vítima foi morta a pancadas e, segundo laudo necroscópico, também levou golpes de um objeto perfuro-cortante. Conforme a acusação, Emory e o namorado dela, Geraldo Carvalho Carneiro Neto, 30 anos, mataram José para que pudessem ficar com uma certa quantia em dinheiro que pertencia ao tio dela.
O casal usou um cobertor com estampa infantil que pertencia a um dos filhos de Emory para levar o cadáver até uma estrada vicinal que liga Arraial D’ajuda a Trancoso, onde os dois atearam fogo, usando quatro litros de combustível.
José estava na casa da sobrinha em Arraial, distrito de Porto Seguro (BA), fazia pouco tempo. Ele teve problemas com a Justiça em Mato Grosso do Sul e por isso havia se mudado para lá.
“Meu pai já tinha ligado para a gente, contou que a Emory estava usando drogas, na frente das crianças inclusive, e disse que ia voltar, que não estava dando mais para conviver. Mas, depois disso, perdemos o contato”, conta Ayslane.
A fuga – Sem conseguir falar com a vítima e com a acusada de assassinato, antes do desenrolar da investigação policial, a mãe de Emory, irmã de José, foi para a Bahia buscar a filha.
“Minha tia disse que meu pai tinha ido embora, nós pedimos para ela registrar um boletim de ocorrência de desaparecimento e ela fez. Depois, ela ligou dizendo que havia alguma coisa estranha acontecendo e pediu dinheiro para contratar um detetive. A gente mandou e foi com esse dinheiro que ela ajudou a filha [Emory] fugir”, continua Ayslane.
Neto confessou o crime e está preso no Conjunto Penal de Eunápolis (BA). Já Emory desapareceu com os três filhos – Nicolas, que hoje tem 13 anos, Luna, que a família estima ter 8 anos, e Rodrigo, 4.
A família também não tem mais contato com a mãe de Emory.
A filha de José Antunes lembra que a prima acusada de matar o pai dela tem várias tatuagens, o que facilitaria o reconhecimento.
Último contato – Adham foi casado por três anos com Emory, quando ela ainda morava em Campo Grande. Ele conta que o relacionamento era conturbado. Depois da separação, ela desapareceu com o filho do casal, que tinha 2 anos, por 11 meses. “Foi quando eu descobri que ela estava na Bahia”, lembra o tatuador.
Adham chegou a pedir a guarda do menino, mas os dois conversaram e decidiram que era melhor a criança ficar com a mãe.
Em 2013, Emory voltou para a Capital para terminar a faculdade de Direito na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), mas ela decidiu voltar para a Bahia e esta foi a segunda vez que o pai tentou ficar com o filho, mas a mãe não permitiu. “Eu sempre falava com ele, o visitava pelo menos uma vez no ano. Mas, era complicado”.
O último contado de Adham com o filho foi em 2014 mesmo, pouco antes do crime. “Ele me ligou chorando, pedindo para vir morar comigo. Ela pegou o telefone e desligou. Depois disso, só falei com ela no dia que me pediu dinheiro e nunca mais”.
SERVIÇO – Informações sobre o paradeiro de Emory e Nicolas podem ser passada para a polícia de qualquer cidade pelo número 190. A família de José Atunes atende nos telefones pelos telefones: (67) 99291-5323 ou (67) 99296 8469. Já Adham (67) 984846771 (WhatsApp) e (67) 3325-0178.
Matéria editada às 14h48 para acréscimo de informação.