Pandemia mudou hábito e 20% deixaram de usar ônibus na Capital
Estimativa do Consórcio Guaicurus é que hoje se transporta menos passageiros do que 2019
A estimativa do Consórcio Guaicurus é que cerca de 20% dos passageiros do transporte público em Campo Grande tenham deixado de usar o serviço, na comparação do período anterior ao do início da pandemia de covid-19.
O gerente executivo do Consórcio Guaicurus, Robson Strengari, afirmou ao Campo Grande News que hoje se transporta, aproximadamente, 80% do que foi registrado em 2019.
A queda, no entanto, já era verificada antes do período pandêmico, segundo ele. “Isso foi geral, já vinha desde 2016 apresentando uma queda.”
Em 2020, a redução no transporte foi mais acentuada, já que a adesão a medidas restritivas e o receio em contrair coronavírus eram maiores. A empresa responsável pelo setor em Campo Grande indicou que o número de passageiros havia caído 50% naquele ano. Cerca de 600 funcionários foram demitidos e houve déficit de R$ 25 milhões.
Mesmo que tenha havido um retorno de parte dos usuários, Strangari ressalta que “o passageiro ainda não voltou” totalmente.
Enquete feita pelo Campo Grande News em junho de 2021 indicou que 70% das respostas assinaladas por leitores eram daqueles que utilizavam carro próprio para se deslocar. Ônibus eram cerca de 9% dos votos, que não representam a totalidade da população campo-grandense.
Queda - Conforme publicado nesta quarta-feira (10) pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), a redução da demanda de passageiros pagantes transportados pelos ônibus urbanos em 2021 foi 32,6% menor que 2019, ano anterior ao do início da pandemia de covid-19.
Na prática, isso equivale a uma redução de 10,8 milhões de viagens realizadas por passageiros pagantes por dia, nas 11 cidades brasileiras analisadas, que correspondem a cerca de 35% do total do serviço no Brasil. Campo Grande não foi mensurado pelo levantamento.
“Os dados podem indicar um cenário de estabilização do nível de demanda, em patamar próximo a 70% dos níveis de 2019. Não há indicação, até o momento, de que essa perda de passageiros será totalmente revertida, indicando a possibilidade de encolhimento estrutural do setor”, diz a entidade.
De acordo com o presidente-executivo da NTU, Francisco Christovam, o resultado impressiona pelo impacto negativo. “Os sistemas organizados de transporte público por ônibus urbano, presentes em 2.703 municípios brasileiros, tiveram uma perda acumulada de R$ 27,8 bilhões, do início da pandemia a abril deste ano, segundo revela o levantamento mais recente feito pela associação, que serviu de base para o anuário.”
Ele destaca que a redução da produtividade é uma condição estrutural do setor há anos, independentemente do impacto maior causado pela pandemia. A queda acumulada durante toda a série histórica é de 41,5%. Em relação ao ano de 2019, ainda há baixa de 2,5% da produtividade. De acordo com o anuário, o crescimento de 2021 significa que o setor quase atingiu o nível de produtividade anterior à pandemia.