Criação de fundo para custear transporte coletivo revolta motoristas de app
Consórcio sugeriu taxar o uso do solo para motoristas de aplicativo e o dinheiro arrecadado bancar gratuidades
Uma das propostas ventiladas pelo Consórcio Guaicurus para evitar um colapso no transporte coletivo revoltou motoristas de aplicativos de Campo Grande. Em reunião na Câmara Municipal, realizada na quarta-feira (6), o gerente executivo da empresa que o opera o transporte na Capital, Robson Strengari, sugeriu a criação de um fundo com dinheiro de impostos e taxas, inclusive, sobre os motoristas de aplicativo.
Motoristas que trabalham com aplicativos de transporte classificaram a proposta como absurda e sem lógica. “Acho absurdo uma empresa do tamanho do Consórcio Guaicurus querer que os motoristas de aplicativo custeiem o prejuízo que eles tiveram. Isso não tem lógica, da vontade de rir”, afirma Adriano da Silva, 39 anos, que há 5 anos trabalha como motorista.
Durante a reunião, representantes do consórcio alegaram que apesar dos subsídios do governo estadual e prefeitura, a empresa ainda permanece com déficit de R$ 1,8 milhão por mês e que não será possível trocar os ônibus que já estão velhos.
“Nós motoristas acordamos cedo para trabalhar, temos que fazer uma carga horária de 12 horas para poder ter um lucro e honrar nossos compromissos. Temos despesas com manutenção de carro, o preço do combustível do jeito que tá, eles acham que somos milionários porque não é possível eles fazerem uma proposta dessas. Parece uma piada isso aí”, lamenta Adriano.
O fundo para custear o transporte público, de acordo com as sugestões poderiam vir de impostos municipais, como IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), ITBI ( Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), de licenciamento de veículos e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e também de uma possível taxa de uso do solo para motoristas de aplicativo.
“Isso é um absurdo, a gente já paga as taxas pra a Uber, a prefeitura ainda exigiu várias coisas para podermos trabalhar. Quem presta serviço de transporte público não somos nós. Eles fazem o serviço dele e a gente o nosso”, comenta Luiz Alexandre Patay, 49 anos, que há 1 ano fechou uma banca de revista para trabalhar com aplicativos.
Além da taxa do uso do solo, o consórcio apresentou outras propostas de solução para que o transporte possa continuar operando em melhores condições. Entre elas, que a empresa seja remunerada por quilômetro rodado e não por quantidade de usuários. Além de revisar as isenções, fazendo com que estudantes que usam os ônibus, mesmo tendo escola no bairro em que moram, paguem pelo menos 50% da passagem.