Consórcio quer que motoristas de aplicativo ajudem a custear transporte coletivo
Ônibus velhos não podem ser trocados sem criação de fundo com dinheiro de impostos e taxas e outras medidas
Em reunião na Câmara Municipal de Campo Grande hoje (6), o gerente executivo do consórcio Guaicurus, Robson Strengari, afirmou que apesar dos subsídios do governo estadual e prefeitura, a empresa ainda permanece com déficit de R$ 1,8 milhão por mês e que não será possível trocar os ônibus que já estão velhos. O consórcio sugere quatro medidas para "salvar" o transporte, entre elas a criação de um fundo com dinheiro de impostos e taxas, inclusive, sobre os motoristas de aplicativo.
Dependendo dos reajustes de diesel, o transporte ainda corre risco de colapsar. “Saímos da UTI, mas estamos na enfermaria”, resumiu o gerente.
Na reunião, realizada pela comissão de vereadores que acompanha os assuntos relacionados ao transporte, Robson levou sugestões para adequação do transporte, que já estão nas mãos da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande).
Soluções - O consórcio apresentou quatro propostas de solução para que o transporte possa continuar operando em melhores condições.
A primeira é para que a empresa seja remunerada por quilômetro rodado e não por quantidade de usuários.
A segunda é revisar as isenções, inclusive fazendo com que estudantes que usam os ônibus, mesmo tendo escola no bairro em que moram, paguem pelo menos 50% da passagem.
Os custos das gratuidades a idosos seriam pagos pelo Governo Federal e o consórcio sugere ainda que seja criado um fundo para custear o transporte público, usando recursos que poderiam vir de impostos municipais, como IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), ITBI ( Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), além de licenciamento de veículos e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
Outra fonte do fundo seria uma taxa de uso do solo para motoristas de aplicativo, conforme as sugestões apresentadas.
O titular da Agereg disse que as propostas do consórcio, bem como dos vereadores, serão estudadas. Foi ele que fez a analogia da UTI no caso do transporte. “Reuniões são importantes para a discussão. Podemos montar um grupo de trabalho para avaliar todas essas sugestões”, disse.
O gerente executivo do consórcio concordou com a analogia ao expor dados sobre os recursos que o consórcio precisa para melhorar a frota.
“A tarifa ideal seria mais de R$ 6, considerando os custos que temos hoje, inclusive com as constantes altas do preço do diesel, mas a tarifa custa R$ 4,40. Fazendo os cálculos o ideal seria recebermos por mês R$ 18 milhões, mas recebemos R$ 13,2 milhões com essa tarifa, então faltam R$ 4 milhões. Os subsídios do governo e prefeitura somam R$ 2,2 milhões. Então, nos falta ainda R$ 1,8 milhão”, explicou Robson.
O presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da câmara, vereador André Luis Soares, o “Prof. André”, sugeriu ainda que todos os aspectos sejam revisados e o transporte coletivo seja nos moldes de países desenvolvidos, em que o ônibus tem prioridade nas ruas para que o sistema viário não entre em colapso.
“Temos que mudar a mentalidade, o ônibus tem que ter prioridade. Falta ordenamento de trânsito em Campo Grande. Para que as pessoas queiram ir de ônibus ao invés de sair de carro, o transporte tem que ter mais qualidade. Temos que ter um gestor que tenha coragem para fazer isso”, comentou o vereador.