Para taxistas, cerco a Uber veio tarde, mas serviço deve ser regulamentado
Profissionais consideram que serviço deveria ter sido regulamentado antes mesmo de começar a operar
A regulamentação do Uber tem sido motivo de discussão desde quinta-feira (1º), quando o Campo Grande News revelou uma ofensiva da Prefeitura contra o serviço. Para taxistas, que disputam espaço no mercado com os motoristas do aplicativo, a regulamentação é mais que necessária, no entanto, veio tarde, já que as 'caronas pagas' aportaram em Campo Grande há mais de dois meses.
Para o taxista João Messias Sandim, 60 anos, o Uber já deveria ter sido regularizado e sujeito ao mesmo controle e cobrança válidos para os taxistas quando começou a operar.
“É uma prestação de serviço que não tem regulamentação, não tem fiscalização. Não tem obrigatoriedade junto à sociedade. Eu também posso colocar um ônibus e cobrar R$ 1 a passagem, se for assim”, reclama o taxista.
Quem também não concorda com a falta de controle ou taxas sobre a Uber é Paulo César, de 34 anos. O taxista diz que gasta cerca de R$ 3 mil por ano apenas com o pagamento de taxas para continuar trabalhando regularmente.
“Não acho que devem proibir o Uber, mas antes que ele vá para a rua, tem que regulamentar. Nós passamos por várias etapas até conseguir alvará e eles não têm nem curso de primeiros socorros”, afirma.
Já o taxista Anibal Duarte, 55 anos, é mais rigoroso na opinião quanto ao funcionamento do serviço. Para ele, o Uber deveria ser banido, porque “eles são clandestinos, fazem transporte ilegal de passageiros.
"A Uber é uma empresa estrangeira e não fica nenhum imposto para o Brasil. Se algo não for feito, aí que o táxi vai acabar mesmo”, enfatiza.
Apesar da reclamação dos concorrentes, a Uber tem afirmado que o serviço é legal. Na sexta-feira (2), enviou mensagem ao Campo Grande News afirmando que "a Justiça já reiterou diversas vezes que a Uber é legal no Brasil. Os motoristas parceiros da Uber prestam o serviço de transporte individual privado, que tem respaldo na Constituição Federal e é previsto em lei federal”.
Regulamentação - Apesar de ter declarado ‘guerra’ contra o funcionamento do aplicativo Uber em Campo Grande, sem regulamentação, a prefeitura ainda nem sabe como fará para regularizar o serviço. A informação é do próprio prefeito, Alcides Bernal (PP), que na tarde de sexta disse que “não existe nada pronto” neste sentido.
Questionado sobre a existência de um projeto para regulamentação do serviço, o prefeito afirmou apenas que “por enquanto, ninguém entrou com pedido de regularização junto à prefeitura”. Ou seja, não há, por exemplo, previsão de envio de um projeto de lei ao crivo da Câmara Municipal.