Pelo TikTok, preso da Máxima comemora: "mais um dia especial"
Postagens de detentos têm músicas fazendo referência à liberdade e saudade da vida lá fora
Aparentemente, sem temer serem pegos com celular, detentos do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande, estão ativos nas redes sociais. Fazem vídeos de dentro da unidade e postam no TikTok.
A pena privativa de liberdade impõe isolamento social e o único contato com o mundo externo, além das visitas regulares de familiares e advogados, deveriam ser as cartas, monitoradas. Mas, na prática, não é o que acontece.
Em uma das imagens, postada há três dias no TikTok, um preso filmou a movimentação dos internos na quadra do presídio, durante o banho de sol. Após a postagem, internauta identificado como Pedro Henrique comentou. “Apaga esse vídeo aí, maninho”, escreveu.
Em outro post, interno publicou foto ao som de “Nosso alvará”, de MC Diouro, música que faz referência a alguém preso que espera pelas visitas da mulher amada e pela liberdade. "Logo, logo, eu vou pra rua", diz a letra. O preso, que assina Davi na postagem, escreve: “Falta pouco, estaremos juntos, meu amor”.
Também há fotos de dentro de uma das celas com a legenda: “Difícil mesmo vai ser explicar para alguém que ficaremos bem”. Em outra foto que mostra o banho de sol, Davi escreve: “mais um dia especial”.
O gosto musical parece ser pelos MCs, já que mais uma postagem tem a música “Liberdade Vai Cantar”, do Mc Menor. Em um dos comentários, uma pessoa pergunta: “Você está no Seguro?”, se referindo a quando o presidiário precisa ficar em cela separada dos demais, por correr risco de morte ou por punição. Davi responde: “Não. Na Máxima. Aqui prédio seguro é pra safado”.
Algumas mensagens printadas e encaminhadas à reportagem já foram apagadas da rede social.
No dia 14 de setembro, o Campo Grande News publicou vídeo que mostra o momento em que tabletes de maconha são arremessados na Máxima, enquanto outro preso narra e filma a cena.
Na última operação feita no presídio, no dia 16 deste mês, a polícia apreendeu 73 celulares e transferiu 16 detentos para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira I, conhecida como “Super Máxima”.
Também no mês passado, a Operação Torre Cega, deflagrada pela Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), prendeu dois policiais militares, por suspeita de facilitarem a entrada produtos ilícitos no presídio, mediante pagamento de propina.
Em nota, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que “tem realizado, diariamente, inspeções no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho” e ainda que “está andamento projeto para a instalação de telas de proteção sobre os solários, com objetivo de dificultar a prática de arremessos”.
“A unidade prisional já conta com equipamentos de raio-x para vistorias de pessoas e de objetos, além de um amplo sistema de monitoramento por câmeras. Mato Grosso do Sul também integra uma força-tarefa nacional, coordenada pela Sennapen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), com a finalidade de coibir o uso de celulares em presídios, que teve como culminância a Operação Mute, realizada neste mês em várias partes do país, cujas ações continuam sendo desenvolvidas. Além disso, a agência penitenciária mantém um trabalho permanente de inteligência”, completou o órgão responsável pelo sistema carcerário.
Já sobre a denúncia feita através da reportagem, a Agepen informou apenas que abrirá investigação.
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