Perícia do INSS na Capital tem espera de 3 meses e uma só agência "no ar"
Atendimentos presenciais ocorrem na unidade do Horto Florestal
Operando com apenas metade da capacidade, o INSS realiza em média 180 perícias médicas por dia em Campo Grande. A espera por agendamento, no entanto, deixa beneficiários aguardando até três meses por uma avaliação médica.
Os atendimentos se concentram na agência do Horto Florestal, na Rua Anhanduí. Na agência da Rua 26 de Agosto não há médicos para realizar as consultas.
Com a capacidade do atendimento presencial reduzida, a média é de 180 atendimentos por dia. No dia 18, chegaram a ser agendas 237 perícias em um só dia.
Mesmo o horário estendido da agência, da Capital, aberta das 7h às 17h, não é suficiente para evitar queixas dos beneficiários. Os relatos são ainda mais desesperados em tempo de pandemia, em que houve aumento de preços e queda na renda de muitos brasileiros.
Um dos beneficiários, que preferiu não se identificar, espera há seis meses para receber o auxílio doença. Com câncer, ele teve o primeiro pedido de perícia negado. “É maligno”, ressaltou. Para segunda consulta, ele levou acompanhante e teve que esperar na chuva na manhã desta quinta-feira, já que o órgão ainda opera com medidas de distanciamento social.
Desespero define o sentimento de Edilaine Santos, 41 anos. Com lágrimas nos olhos, ela esperou mais de duas horas por atendimento.
A operadora de caixa procurou auxílio na agência para adquirir uma senha necessária para acessar o sistema remoto do INSS. “Como que dão aplicativo e não tem acesso para auxiliar com uma nova senha. Aqui tem muita gente idosa. Analfabeto. E nossa vida fica parada por conta desse atendimento”, reclamou. Há três dias ela tenta recuperar o acesso ao serviço online.
Nos últimos anos, o governo Federal investe na informatização dos serviços do INSS. As mudanças coincidiram com a aposentadoria de milhares de servidores, sem a perspectiva de abertura de concursos. A situação gerou dificuldade no atendimento dos usuários, especialmente aposentados e de quem não tem acesso pleno ao serviço de internet.
Daise Dias Lima, 61 anos, no entanto, não enfrentou problemas para realização da perícia. O atendimento foi hoje, às 9h40. É a segunda consulta em três anos. A queixa, segundo ela, é em relação ao descaso no atendimento dos beneficiários.
“Ficamos sentados aqui tomando chuva. Minha filha tem problema psiquiátrico e não deixaram eu entrar. Simplesmente me falaram que se ela passar mal, eu que chame o Samu. Hoje ficamos aqui fora tomando chuva meia hora. Arrogância, tratam a gente mal”, reclamou.
No ano passado, as perícias chegaram a ser suspensas pelo INSS em plena pandemia gerando acumulo de pedidos. Até o ano passado, o Estado tinha mais de 18 mil solicitações apenas de aposentadoria acumulados.
Agendamento - No interior e na Capital, as perícias presenciais estão sendo feitas e devem ser agendadas Fone 135 ou no aplicativo meu.inss.gov.br em uma das agências: Campo Grande – APS Horto Florestal Aquidauana; Aparecida do Taboado; Coxim; Três Lagoas; Dourados; Bataguassu; Ponta Porã; Naviraí e Amambai
As agências do interior não funcionam em horário estendido, como da Capital. O atendimento é apenas das 7h às 13h.
Os segurados que não queiram fazer o deslocamento em uma das agências abertas podem optar por receber uma antecipação de pagamento, são aquelas onde as perícias são feitas remotamente e que o segurado recebe um salário mínimo, mas de qualquer forma precisará realizar presencialmente após seis vezes de antecipação.
Neste caso ainda, é sempre bom o segurado guardar todos os laudos para comprovar a incapacidade dentro de todos os períodos recebidos.
Perícia feita, a instituição garante o pagamento em no máximo 15 dias.