Perita nega omissão sobre prova plantada no carro de empresário morto
Nas mensagens transcritas, um colega alerta sobre 'falsa perícia' no caso de assassinato cometido por PRF
A troca de mensagens no aplicativo WhatsApp entre os peritos Karina Rébulla Laitart e Domingos Sávio Ribas mostra diálogo sobre flambadores, trajetória, o advogado Renê Siufi e falsa perícia.
Os profissionais da perícia tiveram o sigilo telefônico quebrado na apuração sobre provas plantadas no veículo do comerciante Adriano Correia do Nascimento, morto pelo policial Ricardo Moon após briga de trânsito na avenida Ernesto Geisel.
A caminhonete está apreendido desde o dia do crime, 31 de dezembro de 2016, mas teve o surgimento de dois flambadores de sushi.
Os maçaricos, com dimensões de 19x5 centímetros, apareceram no assoalho em frente ao banco do passageiro em 4 de janeiro, mesmo após duas perícias. Até então, o veículo estava apreendido no pátio da Coordenadoria Geral de Perícias, na avenida Senador Filinto Muller, Vila Ipiranga.
Após os celulares serem devolvidos à Justiça porque colegas dos peritos se declararam impedidos, a transcrição do conteúdo do aplicativo foi feita em 28 de julho e anexada ao processo por homicídio, que tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Foram transcritas conversas entre 16 de janeiro a 10 de fevereiro na análise do celular do perito. No laudo relativo ao celular da perita, as conversas são de 3 de janeiro a 10 de fevereiro.
Em 3 de janeiro, o diálogo é iniciado por Domingos Sávio, que parabeniza o trabalho da perita e comenta sobre trajetória de tiros. O diálogo no aplicativo é retomado em 6 de janeiro, o perito conta que foi chamado para reunião sobre flambador e indica que foi alvo de indiretas.
Também comenta que o veículo foi filmado por emissora de TV um dia antes de os maçaricos serem encontrados. Ele frisa que colocaria no laudo com ressalvas.
A perita diz que não colocaria nada porque não estava antes e também não mentiria. Em 9 de fevereiro, o perito conta que o advogado Renê Siufi, que atua na defesa do policial, ligou para o diretor da Polícia Civil: “e disse que vai me por de testemunha”.
A intenção era que ele falasse sobre os flambadores. O perito ainda alerta a colega de risco de falsa perícia, quando há omissão de vestígios. A perita afirma: “Mas eu não omiti nada... os flambadores não estavam lá qdo fiz a perícia ...”
Trajetória - Durante audiência sobre o surgimento dos flambadores no veículo do morto, Karina disse que Sávio teria interesse em alterar o resultado do laudo pericial e que teria dito ter amizade com Siufi.
Ao ter uma de suas conclusões sobre a trajetória de disparos questionada por Sávio, a perita voltou a inspecionar o veículo. Ao abrirem a porta, ela, Sávio e um agente de polícia cientifica encontraram os maçarico.
Na mesma audiência, realizada em 11 de abril, Sávio lamentou ser visto como suspeito. Na ocasião, Siufi negou amizade com Sávio e classificou a afirmação como “leviana”. O advogado interpelou a perita na Justiça.
Na resposta, ela afirma não ter dito em juízo que a informação da amizade entre Sávio e o advogado conste no WhatsApp. De acordo com a perita, que anexou transcrição de conversa, o que consta é Sávio dizendo que seria arrolado pela defesa como testemunha.