PF prende três e apreende 1 mil materiais em operação contra pedofilia
Advogado, comerciante e estudantes são presos após agentes encontrarem pornografia com crianças com eles; Até mulher é investigada por compartilhar conteúdo de pedofilia na internet
Três homens - um advogado, um comerciante e um estudante, que não tiveram a identidade revelada -, foram presos pela Polícia Federal durante operação desencandeada na manhã desta quinta-feira (18) para coibir o compartilhamento e posse de imagens e vídeos de pornografia infantil na internet. As investigações duraram quatro meses ao todo.
Segundo o delegado Marcelo Alexandrino, um dos responsáveis pela Operação Cabrera, como foi nomeada, os três detidos foram flagrados com material de pedofilia em suas casas, nos bairros Guanandi, Chácara Cachoeira e Vila Carvalho. Outros sete endereços não revelados foram vistoriados pelos agentes, todos em Campo Grande.
O Campo Grande News flagrou uma viatura da PF em um condomínio residencial do Jardim América, com agentes apreendendo computadores e equipamento eletrônicos de um homem entre 30 e 40 anos, conduzido à sede do órgão.
Conforme Alexandrino explicou, outras sete pessoas são investigadas, seis homens e uma mulher. Mais de 1.000 materiais com pornografia infantil, entre vídeos e fotografias, foram apreendidos. Todo o material será encaminhado à perícia.
“Não vamos revelar dados (dos investigados) porque eventualmente eles acabarão presos também”, disse Alexandrino.
O delegado disse que não fornecerá mais informações a respeito dos investigados para não atrapalhar a sequência das investigações. “Pedófilo não tem perfil definido, não tem profissão, não tem classe social”, ressaltou Alexandrino.
Investigação – Segundo Alexandrino, os acusados não integram uma quadrilha de exploração infantil, mas sim são inquéritos individuais abertos para investigar a distribuição desse tipo de material em aplicativos de conversas pelo celular ou redes sociais na internet.
Uma ferramenta especial usada pelos agentes consegue identificar a distribuição de vídeos e fotos de pedofilia. “Hoje conseguimos monitorar em tempo real a circulação desse material, formando um banco mundial de arquivos do tipo”, completou.
O delegado Cléo Mazzotti, que também participou das investigações, ressaltou que um dos meios de apuração é através das denúncias.
“A denúncia é fundamental para a PF. É importante que a sociedade saiba que a PF tem dado atenção sim às denúncias que são feitas, fazemos investigações em todas as situações que nos chegam (de pedofilia). É importante que a sociedade confie na nossa instituição, nos forneça dados, porque essa troca de informações gera muitas ações, como a de hoje”, disse.
Alexandrino classificou como positiva a atuação da Polícia Federal. “Em outras operações eu disse que prenderia quem distribuísse esse tipo de material. Agora pretendo arrastar cada vez mais (pedófilos)”, disse.
Operação - Cerca de 370 policiais cumprem 93 mandados de busca e apreensão, duas prisões preventivas e uma condução coercitiva, no Distrito Federal e em 18 estados.
Além de Mato Grosso do Sul, os mandados são cumpridos no Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Goias, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Pernambucano, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Em Brasília, a Polícia Federal reuniu informações e alvos de investigações. Os casos não estão diretamente relacionados, porém tratam da disseminação transnacional de pornografia infantil, por meio de redes sociais, e-mail e aplicativos de mensagens e vídeo.
A operação ocorre no “Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. O nome da operação presta homenagem a Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos, que foi sequestrada, violentada e assassinada há 44 anos, no 18 de maio de 1973. O crime nunca foi punido.
Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de posse, compartilhamento de arquivos de pornografia infantil, com penas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código penal Brasileiro que variam de 1 a 6 anos de reclusão.
No fim do ano passado, o sindicalista Moisés Sanches Marques, 38 anos, foi preso na cidade pela Polícia Federal, na operação Patruus II, por armazenar conteúdo de pornografia infantil.