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Capital

PM preso por tráfico após confronto e morte vai para cela em “segurança máxima”

Por ordem de juiz da Auditoria Militar, sargento foi levado para unidade conhecida como “Supermáxima”

Por Anahi Zurutuza | 19/07/2024 19:03
Laércio Alves dos Santos, de 48 anos, foi preso no dia 22 de junho (Foto: Reprodução das redes sociais)
Laércio Alves dos Santos, de 48 anos, foi preso no dia 22 de junho (Foto: Reprodução das redes sociais)

O 2º-sargento Laércio Alves dos Santos, de 48 anos, foi levado do Presídio Militar Estadual para a Penitenciaria Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira I, unidade conhecida como “Supermáxima” por causa do regime mais rígido. A transferência foi feita por ordem do juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar, nos autos em que foi pedida a quebra do sigilo telefônico do PM, investigado por tráfico após ser preso em flagrante que acabou com o colega dele de batalhão, o cabo Almir Figueiredo Barros Junior, foi morto em confronto.

Laércio foi preso no dia 22 de junho e segundo o advogado dele, Marcos Ivan Silvia, no dia 12 deste mês, a defesa “foi surpreendida com a notícia” que o cliente havia sido transferido, requerendo o retorno do sargento para a unidade destinada a presos militares.

No dia 16, o promotor Ricardo Benito Crepaldi defendeu que Santos permaneça onde está, uma vez que não corre risco por estar separado do convívio dos presos “comuns”.

O juiz Roberto Ferreira Filho declarou-se incompetente para julgar o pedido, uma vez que cabe a Alexandre Antunes, que determinou a transferência, reanalisar a situação.

O pedido da quebra do sigilo telefônico tramita em sigilo e não há informação se já foi autorizado.

Prisão mantida - A defesa do 2º-sargento já tentou tirá-lo da cadeia, apresentando à Justiça os “diplomas de herói” para demonstrar a “boa conduta” do PM ao longo de seus 26 anos de carreira. Mas, as alegações não foram suficientes para o habeas corpus.

Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva (por tempo indeterminado) pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna que considerou “o caso em exame é extremamente grave, seja pela quantia de droga apreendida, seja pela organização e atuação dos envolvidos, e principalmente pela participação do autuado, PM, com a função de dar segurança à operação e escoltar a droga ao seu destino”. “A gravidade da conduta do autuado se eleva sobremaneira, ante seu dever de preservação da ordem pública, e, portanto, sua inobservância, assim como o ferimento a preceitos morais e éticos vinculados à conduta do policial militar, importam até mesmo na indignidade do cargo”, completou.

Laércio Santos optou pelo silêncio em solo policial. Acompanhado do advogado Marcos Ivan, na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), não respondeu às perguntas do delegado Lucas Caires. Disse somente ser casado, ter três filhos menores e vestir a farda militar há duas décadas.

Na ficha de antecedentes, o PM tem passagens por falsificação de documento público, abuso de autoridade e trocar socos com outro militar durante briga de trânsito. Já cumpriu todas as condenações.

Entenda – Laércio Santos (preso) e Almir Barros (morto) são apontados como integrantes de uma quadrilha de traficantes, que sequestrou motorista de um caminhão para roubar 90 quilos de maconha na tarde de uma sexta-feira, em Campo Grande. O plano, descoberto pela Inteligência da Polícia Militar, terminou em troca de tiros e duas mortes.

Os fatos ocorreram depois que o Batalhão de Choque recebeu informação de que um caminhão com droga acessaria a Capital através da BR-262 e a carga seria roubada por um grupo rival. Então, militares da Inteligência se posicionaram na região do Indubrasil para vigiar os suspeitos e viram a aproximação de um caminhão azul, sendo seguido de perto por um Toyota Corolla.

Na Rua Barra dos Bugres, os ocupantes do carro sinalizaram para que o motorista do caminhão parasse, o que foi feito. Na sequência, o condutor foi retirado do caminhão e colocado em um automóvel sedan branco. Então, o veículo de carga seguiu conduzido por outra pessoa e escoltado pelo Corolla.

Segundo o boletim de ocorrência, caminhão e Toyota seguiram até uma chácara na Rua Cláudio Augusto, na Vila Romana. Lá, cinco suspeitos passaram a cortar a lataria do veículo de carga e foi o momento que o Choque decidiu abordá-los. Contudo, todos correram para a vegetação ao redor. Dois deles foram cercados e, de acordo com o Choque, resistiram com armas de fogo.

“Que não restou alternativas aos policiais, se não o também emprego de armas de fogo para neutralizar a injusta agressão desencadeada pelos marginais”, diz o registrado em boletim de ocorrência.

Os dois foram socorridos em estado grave e morreram antes de chegar na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Santa Mônica. Eles foram identificados como Jorcinei Junior Sabia Gil da Silva e o cabo da PM, Almir Figueiredo. Duas armas de fogo foram apreendidas com eles.

O sargento Laércio foi surpreendido próximo a BR-262 e acabou preso. Ele é o dono do Corolla que escoltou o caminhão. O resto do bando conseguiu fugir.

A droga foi encontrada em um compartimento do caminhão e no estepe, totalizando 90 quilos, em embalagens com etiqueta com a palavra “oferta”. A polícia disse que o motorista do caminhão, supostamente sequestrado, não foi encontrado até o momento.

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