Polícia busca outros vídeos de acidente fatal, mas uma versão “cai” com câmeras
Investigação não tem gravações que esclareçam sobre quem furou semáforo
A Polícia Civil pediu à Justiça mais prazo para investigar o acidente fatal no cruzamento das ruas Antônio Maria Coelho e Bahia, Bairro Jardim dos Estados. A apuração ainda busca imagens que mostrem a iluminação do semáforo para averiguar quem desrespeitou a sinalização. Contudo, vídeos de câmeras de segurança contrariam uma versão do condutor Guilherme de Souza Pimentel, 30 anos: a de que ele estava com o namorado naquela madrugada.
O acidente matou a auxiliar de cozinha Belquis Maidana, 51 anos, e deixou seu esposo João Paulo Alves, 43 anos, em estado grave. O casal estava em uma motocicleta Honda Biz, que foi atingida por um Toyota Etios da frota do governo de Mato Grosso do Sul. Servidor comissionado, Guilherme chegou a ser preso, mas pagou fiança de R$ 66 mil. Ele foi exonerado na sequência.
Na última segunda-feira (dia 29), o delegado Giulliano Carvalho Biacio, da Primeira Delegacia de Polícia Civil, solicitou a dilação do prazo para juntada de laudo pericial no local do acidente, confecção do laudo de exame de corpo de delito de João Paulo Alves e total esclarecimentos dos fatos.
Ao Campo Grande News, o delegado afirmou que a investigação já recebeu algumas imagens, contudo, elas não mostram a iluminação semafórica. “Não temos imagens nesse sentido, mas ainda não encerrou a investigação”.
Os documentos enviados ao Poder Judiciário mostram que foram solicitados vídeos de câmeras de agência bancária, condomínio, empresa e residência no local do acidente. Conforme o relatório, a estimativa é de que o acidente foi por volta de 6h do dia 9 de dezembro de 2023, um sábado.
Momentos antes da colisão, as imagens fornecidas por uma empresa mostram o Etios em alta velocidade pela Antônio Maria Coelho, quase esquina com a Rua 25 de Dezembro. Uma testemunha afirmou que viu o carro passando no sinal vermelho.
Após atingir a moto, o carro ainda bateu na traseira de um Volkswagen Virtus, que estava estacionado na via. O Virtus é de uma concessionária e foi locado por meio de serviço de assinatura por um servidor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Versão – Os policiais também tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança do condomínio de Guilherme, no Bairro Tiradentes. Do período verificado, que foi entre as 20h de 8 de dezembro e as 6h30 de 9 de dezembro, em nenhum momento ele é visto chegando ou saindo de casa (seja veículo particular ou o do governo).
Ouvido na Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), Guilherme disse que bebeu vinho e pernoitou na casa do companheiro. Saindo às 5h30 para trabalhar. O imóvel é na Vila Nhanhá.
Contudo, as imagens mostram que o namorado foi até a residência de Guilherme às 3h40 e saiu sozinho às 6h30 do dia 9, quando foi comunicado sobre o acidente.
Para a investigação, há outro ponto que comprova que o condutor não estava com o namorado, contrariando o que disse na delegacia. Numa mensagem de WhatsApp, a portaria comunica a presença do rapaz na portaria e Guilherme autoriza a entrada. Segundo a polícia, desta forma, é possível notar que ele não estava em casa.
No Etios, a investigação encontrou um comprovante de pagamento de cartão de crédito de um bar, localizado na Antônio Maria Coelho, a 1,2 km do acidente. O comprovante tem horário de 1h17 e valor de R$ 24. No bar, a informação foi de que o local foi fechado ao público por volta de meia-noite. Mas alguns frequentadores permanecem num espaço ao lado. A proprietária não sabia afirmar se Guilherme era um deles.
O documento ainda informa que o namorado mudou de versão, faltando com a verdade. Primeiro, disse que saiu do trabalho de supervisor de atendimento em um bar, e foi para a casa de Guilherme, no Bairro Tiradentes. Mas após a chegada do advogado, mudou a versão. Ele disse que saiu do trabalho e foi para a própria casa. Depois, recebeu a visita do namorado.
Contudo, para se defender, o investigado pode apresentar qualquer versão sem que isso seja penalizado. Pois há o direito de ampla defesa e não produzir provas contra si mesmo. Para se defender, o investigado só não pode acusar falsamente terceiros, por exemplo.
Homicídio - Primeiro, o processo estava na 6ª Vara Criminal de Campo Grande, que julgaria o caso como homicídio culposo (sem intenção ou assumir o risco de matar). Neste caso, a condenação é definida pelo magistrado e o réu não vai a júri.
Porém, o magistrado Márcio Alexandre Wust encaminhou o caso para Vara do Tribunal do Júri. No dia 17, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, atuando em substituição legal na 1ª Vara do Tribunal do Júri, determinou a manifestação da promotoria. Já o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) quer laudos da perícia e imagens de câmera para decidir sobre a natureza do caso.
A reportagem solicitou posicionamento da defesa de Guilherme de Souza Pimentel, mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.
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