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Capital

“Tirou minha vida, meu tudo”, diz filha de auxiliar de cozinha morta em acidente

Moto em que mulher estava foi atingida por veículo Etios, no cruzamento das ruas Bahia e Antônio Maria Coelho

Por Izabela Cavalcanti e Ana Beatriz Rodrigues | 10/12/2023 11:39
Familiares no velório de Belquis, morta em acidente no cruzamento da Rua Bahia com a Antônio Maria Coelho (Foto: Marcos Maluf)
Familiares no velório de Belquis, morta em acidente no cruzamento da Rua Bahia com a Antônio Maria Coelho (Foto: Marcos Maluf)

“Tirou minha vida, meu tudo. Era tudo o que eu e meus filhos tínhamos”. É dessa forma que Natanie de Oliveira, de 33 anos, lamenta a morte da mãe, a auxiliar de cozinha Belquis Maidana, de 51 anos. Ela morreu em um acidente no cruzamento entre as ruas Bahia e Antônio Maria Coelho, a duas quadras do serviço.

No velório da mãe, Natanie conta que, como de costume, esperava a mãe avisar quando chegava no trabalho, o que acabou gerando desconfiança de que algo não estava certo, no início da manhã deste sábado (9).

“Ontem não era para ela trabalhar, foi fazer um extra. Geralmente, ela chega no serviço e avisa, estranhei, mas achei que era pela correria. Depois, vi a matéria falando do acidente e percebi que a moto parecia com a dela e reconheci a mochila”, lembra.

A filha ligou para o patrão perguntando da mãe e ele disse que a funcionária não havia chegado. Natanie comentou que desconfiava do acidente e o patrão foi no local verificar, Foi quando veio a confirmação de que se tratava de Belquis.

Natanie é filha única e está grávida do quinto filho. As duas organizavam tudo para a chegada do próximo neto. “Ela estava tão ansiosa para organizar as coisas. Eu estou arrasada. Eu vivia por ela, e ela por mim e pelos meus filhos”, lamenta.

Além disso, uma das conquistas mais recentes da vítima foi a compra da casa própria. “Hoje, o que temos dela é só a lembrança, porque nem poder ver ela pela última vez pode, porque ela está sendo sepultada de caixão fechado. Nem com massinha conseguiram reconstruir o rosto dela. Quero justiça”, disse.

No velório também estava presente Jorcieny Farias, 60 anos, irmã de João Paulo. “Tudo o que a gente quer tanto pela Bel quanto pelo meu irmão é justiça, porque é de uma irresponsabilidade”.

Veículo ficou com a parte dianteira totalmente destruída e ainda bateu na traseira de outro carro, além da moto (Foto: Natália Olliver)
Veículo ficou com a parte dianteira totalmente destruída e ainda bateu na traseira de outro carro, além da moto (Foto: Natália Olliver)

Acidente - Belquis Maidana, de 51 anos, e o marido, João Paulo Alves, de 43 anos, estavam em uma Honda Biz a caminho do trabalho da mulher, quando foram atingidos pelo veículo Toyota Etios, conduzido pelo servidor estadual Guilherme de Souza Pimentel, 30, que também acabou batendo na traseira de outro carro estacionado.

O casal seguia na Rua Bahia, enquanto o carro estava na Rua Antônio Maria Coelho. A moto ficou destruída embaixo do veículo.

O impacto da colisão foi tão forte que a mulher foi lançada para a calçada e morreu na hora. Já o piloto foi encaminhado em estado grave para a Santa Casa e já passou por cinco cirurgias, segundo a família.

Conforme informações do Batalhão de Trânsito, o acidente pode ter sido causado pelo motorista do veículo, que teria desrespeitado o sinal vermelho no momento da colisão. Além disso, de acordo com a Polícia Militar, o condutor se recusou a realizar o teste de bafômetro.

Testemunha que presenciou o acidente fatal relatou à Polícia Civil que o veículo conduzido pelo servidor público avançou o semáforo vermelho em alta velocidade (cerca de 100 km/h) antes da colisão.

Medidas - No final da manhã de ontem, o Governo informou, via assessoria de imprensa, que o funcionário comissionado, lotado na Segov (Secretaria Estadual de Governo), foi “imediatamente afastado de suas funções”. Conforme apurado pela reportagem, como o servidor não tem estabilidade de concurso e estava dirigindo veículo oficial, terá a exoneração publicada em Diário Oficial na segunda-feira (11).

Na audiência de custódia, realizada na manhã deste domingo (dia 10), a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna fixou a fiança em R$ 66 mil (50 salários mínimos) e Guilherme Pimentel informou ter renda de R$ 10 mil. Ele pagou com dinheiro em espécie, conforme certidão anexada ao processo.

A juíza suspendeu a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de Pimentel por seis meses. A investigação ainda vai determinar a dinâmica da colisão, com análise de câmeras e imagens de circuitos de videomonitoramento de comércios, prédios e casas da região, incluindo a análise de possíveis violações de sinais de trânsito e a questão do consumo de bebidas alcoólica.

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