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Capital

Polícia já apura 7 denúncias contra fonoaudiólogo por estupro de crianças

Três pacientes, de 5 a 8 anos, relataram à polícia como profissional agia durante as consultas

Anahi Zurutuza, Dayene Paz e Ana Beatriz Rodrigues | 15/03/2022 20:05
Fonoaudiólogo no momento em que foi levado para delegacia na semana passada (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Fonoaudiólogo no momento em que foi levado para delegacia na semana passada (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

De 7 denúncias que chegaram à Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescentes) depois que o fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo Sobrinho foi preso em flagrante acusado de abusar de menino de 8 anos, outros dois relatos de pacientes, de 5 e 8 anos, endossam as primeiras revelações. Na tarde desta terça-feira (15), garotinho de 5 anos prestou depoimento especial.

A mãe do menino estava em estado de choque enquanto esperava atendimento na delegacia. Ela decidiu procurar a polícia depois de ser alertada por uma amiga sobre a prisão do suspeito.

Ao Campo Grande News, contou que o filho começou a fazer tratamento com uma fonoaudióloga, quando tinha 2 anos. A profissional fazia o atendimento no mesmo local em que o suspeito atuava. Na época, a mãe descobriu que o filho tinha TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

No entanto, há algum tempo, a profissional deixou a clínica. "Ela não poderia atender mais, então perguntei na clínica se havia alguém para indicar. A menina da recepção falou que tinha um especialista que estava atendendo os casos da fono que foi embora", contou a mãe.

Ainda de acordo com a mãe do paciente, em abril do ano passado, a criança começou a tratar com o suspeito. Sete meses depois, em novembro, a mãe notou comportamento diferente do filho ao sair de uma consulta. "Meu filho saiu do consultório e não olhou no meu rosto. Ele entrou no carro e ficou segurando o ‘pirulito’ muito forte", lembra.

A mãe o questionou se havia acontecido algo, mas o menino respondeu com a cabeça negativamente. "Ali, despertou meu sexto sentido, mas vieram as férias. Durante uma conversa nesse período, meu filho falou: 'Eu acho que ele é menina, porque sai leite dele'. Na hora, fiquei em choque, sem reação e perguntei: 'Me mostra por onde sai?', e ele respondeu que era brincadeira", lembra a mãe.

A mulher ficou preocupada e, ao mesmo tempo, com medo de acusar o profissional, pois o filho falava palavras picadas. O menino voltou a fazer tratamento e no último domingo (13), uma amiga da mulher mandou mensagem com a notícia da prisão do fonoaudiólogo. "Abriu um buraco na minha frente e não sabia o que fazer, não sabia como abordar o meu filho", revela.

Foi então que ela arrumou uma maneira de abordá-lo. "Falei para meu filho que tinha arrumado outra fono, porque o atual não estava passando as atividades, então ele respondeu: 'É mesmo mamãe, ele só fica chacoalhando o pipi (sic)'".

Além disso, o menino relatou que, ao final das consultas, o homem pedia segredo. "Passava a mão na boca como se fosse um zíper, como se estivesse falando boca fechada, não conta para ninguém", descreve a mulher. Em choque e muito abalada, a mãe procurou a delegacia. "Eu não sei o que vai ser da minha vida daqui para frente", finalizou.

Pais de criança de 8 anos conversaram com a delegada nesta terça-feira (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Pais de criança de 8 anos conversaram com a delegada nesta terça-feira (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Casos – Além desse caso, nesta terça, a Depca ouviu outro menino de 8 anos. Segundo a mãe, quando soube da prisão do fono, ela foi até o filho e questionou como foram os exercícios que o profissional havia feito com o menino nas últimas sessões. "Ele perguntou por que eu queria saber", lembrou, em entrevista ao Campo Grande News pela manhã. "Respondi: 'Filho, ele fez uma coisa muito feia, passava a mão nos meninos'".

A criança então, aos poucos, conseguiu relatar para os pais o que havia ocorrido dentro do consultório. "Perguntei se tirava a roupa e ele disse que não. Contou que deitava na maca e o fono colocava a mão por dentro do short para mexer no pênis, momento em que meu filho falava não", revelou o pai do garoto.

A primeira denúncia, no dia 9 de março, foi feita pela família de outro menino de 8 anos que perguntou para o irmão, de 10, se era normal “o médico passar a mão”.

As investigações - A delegada Fernanda Mendes afirmou ao Campo Grande News que pais de outras vítimas, entre 2 a 5 anos, procuraram a delegacia, mas pelo fato de que já fazem tratamento da fala, não conseguiram relatar abuso. A orientação é que os pais procurem um tratamento psicológico continuado, a partir daí, as crianças podem dizer se houve algum tipo de abuso sexual.

A delegada intimou o proprietário da clínica para prestar depoimento na delegacia. Também pediu a relação de todos os pacientes infantis atendidos pelo fonoaudiólogo suspeito de estupro. As crianças serão chamadas para depor no setor psicossocial da delegacia. O fonoaudiólogo permanece preso.

(*) Com a colaboração de Bruna Marques. 

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