Posto sobrevive à onda de violência e conta mais de 40 roubos e até morte
Desde que abriu um posto de combustíveis há 17 anos na Rua da Divisão, no Bairro Parati, o campo-grandense José Amâncio já foi assaltado mais de 40 vezes. O caso mais recente foi na tarde de terça-feira (31), quando dois bandidos armados invadiram o estabelecimento e renderam os frentistas, levando cerca de R$ 1.800.
O empresário não vê motivos para desistir mesmo sendo vítima frequente dos roubos que chegam ao número de 1.606 no primeiro trimestre de 2015, com crescimento de 120% nos últimos dois anos de acordo com a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). “A gente tem que se acostumar com a violência e continuar com o trabalho no dia a dia. Não dá pra ficar refém do crime”, alega o homem que preferiu não se fotografado.
No ano de inauguração o posto foi palco de um crime cruel. No início de 1998, poucos meses após a abertura, um dos funcionários morreu baleado ao reagir a assalto. “Ele morreu dentro da minha sala. Era um homem trabalhador que sustentava a casa com a mãe, a esposa a irmã e o cunhado desempregado. Foi uma situação difícil, mas precisávamos continuar”, explica.
Hoje, quase duas décadas e mais de 40 assaltos depois, ele não pensa em desistir e para isso, investiu em um sistema completo de câmeras de monitoramento e seguranças particulares que atuam à paisana, em turnos itinerantes. “Temos que entender que a violência existe e que, se o governo não faz nada, a gente tem que fazer algo por conta própria. Não vou deixar de tocar meu negócio por causa do medo”, relata.
A favor da pena de morte para crimes hediondos, Amâncio sugere possíveis soluções para reduzir a criminalidade. “É preciso fortalecer o combate ao tráfico de drogas e à corrupção, aplicando pena de morte aos crimes bárbaros. Em contrapartida, é preciso investir muito em educação. É necessário dar ainda mais oportunidade para todos que todos tenham uma educação de qualidade e possam entrar na universidade”.
Roubo – No final da tarde de terça-feira, o posto do empresário na Rua da Divisão foi invadido. Dois bandidos chegam em uma moto vermelha depois que o segurança foi embora. O passageiro desce com uma arma e anuncia o assalto, rendendo frentistas. Uma cliente que estava no local parece nem ter percebido a ação. Os bandidos tomam dinheiro dos funcionários que estão na pista e depois perseguem outro que tentou se esconder na conveniência. Depois fugiram levando cerca de R$ 1.800.
“Quando vi que era um assalto, tentei ir quietinho e me esconder dentro da conveniência, mas eles me viram. Entreguei o que me pediu sem reagir”, disse Fidelcino Antônio Ribeiro, 48 anos, que aparece nas imagens da câmera de segurança com uma arma apontada para a cabeça. “A gente fica assutado, pois não sabe o que pode acontecer. Estava só com R$ 20 e as chaves do carro da cliente na mão”, detalhou.
O empresário destaca ainda que constantemente indivíduos tentam assaltar o local, mas são frustrados pela segurança. "Na maioria das situações a gente observa o suspeito chegando, geralmente de moto. Ele dê uma olhada geral no local e, quando nota que está sendo observado e que a ação será dificultada pelos seguranças à paisana, desiste e vai embora como se não quisesse nada".
Estatísticas – De acordo com a Sejusp, no primeiro trimestre deste ano a Polícia Civil registrou 1.606 roubos, número 120% do que as ocorrências do mesmo período em 2013, quando foram 727 casos. Em 2012 foram 925, 1.089 em 2013 e 1.191 no ano passado.