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Capital

Prefeitura ameaça derrubar casas de alvenaria construídas em terreno invadido

Moradores alegam que já gastaram mais de R$ 20 mil com a obra e que não foram notificados previamente

Por Antonio Bispo e Clara Farias | 21/07/2024 13:57
Casas construídas no terreno pertencente à prefeitura (Foto: Paulos Francis)
Casas construídas no terreno pertencente à prefeitura (Foto: Paulos Francis)

Três famílias que estão construindo casas em um terreno pertencente à prefeitura de Campo Grande, localizado na Rua topógrafos, no bairro Jardim Canguru, estão apreensivas com a possibilidade de derrubada dos imóveis prevista para acontecer nesta segunda-feira (22).

Ao Campo Grande News, a cozinheira Nilceneia Ribeiro, de 37 anos, contou que o terreno está abandonado e com mato alto há anos. Uma vizinha do local, que mantinha a área limpa para evitar que bandidos se escondessem ali, disse para ela não conseguia mais dar conta do serviço e que estava preocupada.

Por conta disso, três famílias decidiram dividir a área em três lotes de 10x20 e construir casas de alvenaria para que, posteriormente, pudessem regularizar junto à prefeitura, como aconteceu em outros locais.

“Uma equipe da prefeitura veio aqui há algum tempo quando estavam instalando esgoto no bairro e disseram que a gente podia construir as casas até dezembro para que fosse regularizado, pois precisariam construir uma rua aqui”, disse.

Para evitar que o local fosse comparado a uma favela, os moradores decidiram, então, construir casas de alvenaria. No caso da família da Nilceneia, que está construindo uma casa para o filho, de 18 anos, o valor investido já chega a R$ 12 mil até o momento.

“Na sexta-feira (19) chegou um funcionário da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) aqui e disse para a gente parar as obras, porque na segunda-feira viria uma patrola e derrubaria tudo. Agora a gente está apreensivo e não sabe o que fazer”, contou.

Nilceneia em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Paulo Francis)
Nilceneia em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Paulo Francis)

Da mesma forma está vivendo o ajudante de obra José Vitor, de 20 anos, que se mudou para o local há dois meses e se mudou com a casa ainda em obra.

“Mora eu, minha esposa e minha avó de 94 anos. Minha esposa está grávida de três meses. Mudamos às pressas, nem acabamos a obra. Nem água e luz têm aqui ainda. Minha prima que também está grávida avisou que segunda-feira vão derrubar o que ela construiu, que está pela metade ainda”, explicou.

Assim como a outra família, o gasto que ele teve com a obra já alcançou os R$ 20 mil, que agora correm risco de virar entulho. “Ainda falta bastante coisa para mexer. Trouxe nossa cama e alguns eletrodomésticos para podermos ficar, mas não tem luz e água ainda. Eu estava construindo aqui porque o aluguel esta muito caro. Pago R$ 500 de aluguel no Canguru. A gente não quer de graça, a gente quer que seja regularizado e pagaremos o terreno”, relata.

A dona de casa Rosangela Azevedo, de 40 anos, disse que está no terreno desde 2002, quando ela e o marido mantinham uma horta no local para sobreviver.

“Meu marido cuidava da horta que ficava aqui, só que como ele faleceu, eu não dei conta. Daí eu falei quem quiser construir vai lá e constrói, porque estava abandonada essa parte, meu esposo que aguentava tocar. Quando era horta ninguém nunca reclamou. Foi só começar a construir que a Emha passou a vir”, contou.

Horta cuidada por Rosangela desde 2002 (Foto: Paulo Francis)
Horta cuidada por Rosangela desde 2002 (Foto: Paulo Francis)

Os moradores procuraram a sede da agência municipal ainda na sexta-feira, mas foram informados por um funcionário que não haveria nada que eles pudessem fazer e que a derrubada acontecerá.

Outra questão levantada pela cozinheira é quanto à notificação da retomada de posse da área, uma vez que não houve nada formalizado. “Eles não entregaram nenhum documento para gente. Só disseram que vão derrubar. Eles não têm que dar pelo menos 30 dias para gente deixar o local?”, questionou.

A reportagem procurou a prefeitura para saber qual será o procedimento adotado em relação à situação, mas não houve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

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