Prefeitura da Capital remenda buracos úmidos e desperdiça material
Segundo engenheiro especialista no assunto, seriam precisos até três dias para fenda secar antes de ser colocada massa asfáltica
Equipe a serviço da Prefeitura de Campo Grande foi vista tampando buracos que estavam cheios de água na manhã desta quarta-feira (24), na Rua Cayova, no bairro Tiradentes. Os trabalhadores usaram uma espécie de rodo para esvaziar ao máximo a cratera e jogaram a massa asfáltica em cima da base ainda úmida, enquanto que, para o engenheiro civil Chaia Jacob Neto, especialista em planejamento urbano e professor de estradas da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), é preciso esperar de dois a três dias ensolarados até que a fenda secasse para consertá-la.
A prática não é tecnicamente recomendada e o remendo pode descolar, ocasionando desperdício de material. "Nessa parte úmida acaba não havendo aderência entre o remendo que foi feito e a base que já existia. Vai acabar voltando a abrir o buraco”, explica o especialista.
Ele afirma que é preciso fazer o preenchimento da cratera de preferência com o mesmo material existente embaixo dela. Caso não seja possível, pode ser usada a chamada bica corrida, que é uma mistura de brita com pó de pedra.
“Tenho visto que eles não têm feito a recuperação da base. Têm cortado os quadrados e preenchido o buraco com a massa. Isso não é aconselhável. A massa não tem capacidade de suporte e resistência para isso, aí fica fofo e estoura de Novo”, comenta o engenheiro civil.
Ele afirma ter visto outra equipe fazendo a mesma coisa há alguns dias na Avenida Coronel Antonino: retirando o excesso de água e despejando massa asfáltica em uma fenda úmida. “O trabalho tem que ser feito dentro de um critério técnico, senão você faz duas vezes a mesma coisa e acaba jogando dinheiro fora. Fazer tapa buraco em base úmida, a ligação fica ruim, não consegue ter uma aderência boa”.
Pelas imagens feitas logo depois que a equipe deixou a Rua Cayova é possível ver que existem outros buracos na rua que não foram consertados e que eles estão cheios de água.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Grande disse que a Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) não vê problemas em executar o tapa-buraco dessa forma. Para o órgão, o fato de ter água, em determinados casos, não impede que seja feito o serviço.
Sempre, antes da operação, é feita uma análise técnica e se verificada a viabilidade. Ainda segundo a secretaria, é utilizado um equipamento para a retirada da água e logo depois é colocada a massa asfáltica. Se houver problema no serviço, a empresa responsável é acionada e volta para consertá-lo sem cobrar nada diante da garantia do trabalho.