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Capital

Preso por feminicídio foi de vítima a suspeito de plano “ardiloso” para matar

Em outubro de 2022, um ano após a morte de Bruna, polícia deixou de tratar Ewerton Fernandes como testemunha

Por Ana Beatriz Rodrigues | 08/11/2023 20:44
Ewerton na 4ªDP, dez dias após morte de Bruna Moraes Aquino (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Ewerton na 4ªDP, dez dias após morte de Bruna Moraes Aquino (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Durante as investigações do assassinato de Bruna Moraes Aquino, de 22 anos, a Polícia Civil concluiu que Ewerton Fernandes da Silva, 35, namorado da jovem à época, contou uma versão fantasiosa sobre o ocorrido. O crime ocorreu em uma estrada vicinal do Bairro Jardim Itamaracá, em Campo Grande, em 1º de setembro de 2021. Pouco mais de um ano depois, o homem passou de vítima e testemunha de atentado a tiros a principal suspeito de plano "ardiloso" para matar a moça.

Em depoimento, Ewerton afirmou que Bruna foi assassinada a tiros por um homem desconhecido. Narrou que os dois estavam dentro do carro dele quando essa pessoa, vestindo roupas escuras, se aproximou em uma motocicleta e fez os disparos. Dois acertaram Bruna na região do pescoço e um pegou na mão dele.

A polícia passou um ano tentando localizar esse atirador e entender que motivos ele teria para atacar o casal, mas exatamente em 25 outubro de 2022, o delegado Christian Duarte Molinedo, que havia assumido a investigação, decidiu tratar Ewerton como suspeito e registrou isso no boletim de ocorrência.

Testemunhas ouvidas ao longo da investigação disseram que ele tinha o costume de andar armado. Além disso, chegou até a 4ª DP (Delegacia de Polícia) que o relacionamento do casal era conturbado.

A diligências policiais também apontaram que a lesão provocada na mão do autor, na intenção de passar por vítima, não parecia ter sido provocada por tiro vindo de fora do veículo. "Bruna foi alvejada por alguém que se aproximou do seu lado do carro, estando em posição vertical, indicando que havia a intenção em matá-la", também descreveu o delegado ao fazer a complementação no primeiro boletim de ocorrência. Por fim, o chefe da investigação registrou que não havia sido possível "colocar" uma terceira pessoa na cena do crime.

Desde de outubro do ano passado, o crime, que era tratado apenas como homicídio qualificado e que tinha duas vítima, passou a ser investigado como feminicídio e a segunda vítima e sobrevivente teve a prisão preventiva pedida à Justiça. O juiz Carlos Alberto Garcete determinou a captura de Ewerton depois de ser informado que a até então principal testemunha do atentado havia sumido.

Para a investigação, o autor pode ter agido motivado ciúmes, posse, queima de arquivo ou vingança. Como não há confissão, a motivação não ficou clara. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que deu parecer favorável à prisão, afirma que se tratou na verdade de "um crime grave, ardiloso, armado por Ewerton".

Passagens – Conforme apurado pela equipe de reportagem, Ewerton possui várias passagens pela polícia entre 2007 e 2019. Conhecido como “Passarinho”, o homem soma registros de violência doméstica, calúnia, roubo majorado pelo emprego de arma, violação de domicílio, lesão corporal, furto, tráfico de drogas e dano. Por duas vezes – em 2008 e 2017 –, foi preso em flagrante.

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