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Capital

Preso por feminicídio, pintor aparece morto 24h após chegar em delegacia

Fábio havia deixado claro que seu maior medo era voltar para o presídio, justamente pela acusação de estupro e morte de diarista

Geisy Garnes e Clayton Neves | 30/07/2019 16:08
Fábio ontem, quando chegou à delegacia por volta de 11h.
Fábio ontem, quando chegou à delegacia por volta de 11h.

O pintor Fabio Braga do Amaral, 39 anos, acusado de matar asfixiada Érica Aguilar Pereira, 38 anos, e tentar estrangular a filha dela de 15 anos, foi encontrado morto nesta terça-feira (30) em um das celas de Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ele teria se enforcado com a própria roupa, cerca de 24 horas após chegar à unidade.

Ao Campo Grande News a delegada titular da especializada, Joilce Silveira Ramos, revelou que Fábio dividia a cela com outro preso que afirmou ter visto ele se enforcar com as próprias roupas. Homens que estavam em uma cela ao lado confirmaram a versão de suicídio.

Ainda segundo a delegada, Fábio deixou claro que seu maior medo era voltar para o presídio, justamente pela acusação de estupro contra Érica. “Ele afirmou em depoimento que sabia que as regras para quem cometeu esse tipo de crime eram duras dentro do presídio”, detalhou Joilce.

O pintor já cumpriu pena por agressão e estupro a ex-mulher. O crime aconteceu em 2008 e ele foi condenado há nove de prisão. Ontem, quando chegou à delegacia, em Campo Grande, a primeira coisa dita foi que queria ir para o Instituto Penal, por medo de morrer no Presídio de Segurança Máxima. Veja:

Fábio foi preso em Bodoquena no domingo passado, depois de ser procurado por 47 dias. Ele já havia, inclusive, arrumado emprego na cidade. Sobre o crime, garantiu que “foi um acidente, ela ia pular a janela...Ela queria falar com a minha mulher e eu sou casado e ela não é minha namorada, nem nada. Eu até chamei a filha dela pra me ajudar porque a mãe dela estava desmaiada, a filha dela me viu fazendo a respiração boca a boca”, contou.

Érica foi assassinada no apartamento onde morava com os filhos no Residencial Reinaldo Busaneli, na região do Ramez Tebet, próximo ao Jardim Campo Nobre, local onde Fabio também vivia com a família. A diarista foi encontrada morta na cama, com os braços amarrados para trás e com parte da roupa abaixada.

Fábio sempre negou ter cometido violência sexual e demonstrou que enquanto foragido, acompanhava detalhes que foram divulgados sobre a investigação. “Não abusei não, não abusei de ninguém, a perícia fez exame e tudo”.

Depois da prisão dele, outra mulher deu entrevista ao Campo Grande News contra o pintor. Segundo ela, em 2008 também enfrentou momentos de terror ao lado do ex. ''Nos conhecemos por meio de amigos em comum. Quando percebi, já estava morando comigo. Ele era muito ciumento e, quando bebia, se tornava outra pessoa, grosseiro e agressivo", contou.

Durante os seis meses que passou com Fábio, a vítima foi proibida de viajar a trabalho e também não podia nem ir a casa da mãe e ao supermercado sozinha. Nesse período, também começaram as agressões com tapas, puxões de cabelo e empurrões, até o dia em que a mulher foi torturada por sete horas seguidas e ameaçada de morte.

O advogado de defesa Amilton Ferreira confirmou a morte e afirmou que espera para falar com a polícia para entender o que aconteceu. Ele detalhou que em conversa, na tarde de ontem, o cliente se mostrava preocupado em ser assassinado no presídio. "Não estava sendo ameaçado, mas estava tenso". 

"Ontem chegou a reclamar de dores, o Corpo de Bombeiros foi chamado, mas ele melhorou e negou atendimento". Ainda segundo o advogado, a família já autorizou a doação de órgãos de Fábio. A Corregedoria da Polícia Civil deve acompanhar o caso para esclarecer as circunstâncias da morte. 

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