Preso por série de furtos, ladrão é solto e volta para ameaçar comerciante
"São presos e soltos no mesmo dia", reclamam comerciantes sobre furtos recorrentes na Cafezais
Além de sofrer prejuízo de R$ 8 mil ao ter o comércio, localizado na Avenida Cafezais, em Campo Grande, invadido por ladrões, a comerciante Enn Ketty Coelho da Silva, de 35 anos, teve uma surpresa nada agradável na tarde desta quarta-feira (22). Um dos bandidos, que chegou a ser preso, acabou solto e voltou para ameaçá-la de morte.
No entanto, isso não é surpresa para os comerciantes, já que o retorno dos "presos e soltos praticamente no mesmo dia", se tornou recorrente. A situação tem amedrontado e diante da série de furtos, os comerciantes criaram um grupo para trocar informações, chegando a seguir e descobrir o local onde os ladrões guardam os produtos furtados na região. Agora, pedem medidas do Poder Público.
Furto e ameaça - Ketty ainda estava terminando de montar a conveniência. Ao chegar na terça-feira (21), constatou o furto. "Chamei a polícia e a Guarda prendeu o cara, eu acabei indo junto para registrar a ocorrência", conta. No trajeto, chegou a ser ameaçada pelo homem. "Falou que lembrava do meu rosto e que ia voltar para me pegar".
Após ocorrido, na quarta, novamente teve uma surpresa. "Entraram pelo telhado, furtaram o restante da fiação e ainda levaram o padrão de energia", lamenta a comerciante, que teve um prejuízo estimado em R$ 8 mil.
Mais susto ainda, teve na tarde de ontem, quando estava parada na esquina de sua loja, na Cafezais, conversando com um vizinho. "Tomei um susto na hora que vi ele chegando. Me ameaçou dizendo que ia fazer minha 'casinha', para tomar cuidado que ele ia ficar no bairro me observando", disse a mulher. "Estou com medo, nem abri ainda e aconteceu tudo isso, imagina quando eu abrir".
Grupo - Os furtos recorrentes fizeram com que os comerciantes se unissem para tentar descobrir a autoria e brecar os crimes, criando um grupo no WhatsApp, em que fazem parte 110 pessoas, entre comerciantes, Polícia Militar e GCM (Guarda Civil Metropolitana). Além disso, a Cafezais até a Rua Vespasiano Martins é monitorada por 22 câmeras de segurança, ferramenta utilizada pelos comerciantes para ajudar a polícia na identificação.
As vítimas revelam que a maioria dos autores dos furtos são moradores de rua e usuários de drogas recolhidos pela prefeitura no início da pandemia. "Eles foram recolhidos pela prefeitura no início da pandemia e levados para uma escola aqui perto. Agora, ficam perambulando, furtando para sustentar o vício", afirma a comerciante Larissa de Jesus Azevedo, que tem uma gráfica na região.
Esconderijo - A mulher conta que, por meio do grupo, chegaram até a descobrir dois imóveis abandonados, usados pelos criminosos para esconder produtos furtados e também tentar enganar a polícia. "Eles guardam roupas e depois do furto, vão lá e trocam. Quando a polícia pede as características, já não estão mais com a mesma roupa", revelou Larissa.
Além dos comércios, vizinhos aos imóveis usados pelos criminosos, também sofrem com a situação. A professora Adriane Lais, que dá aulas em casa, é vizinha das residências abandonadas. "Tem aluno que reclama do cheiro de droga. Tentei contato com um dos proprietários da residência, ele fala que não pode fazer nada e que cabe a prefeitura tomar atitude".
O presidente do Conselho da Comunidade da região do Los Angeles, José Carlos Pereira, afirma que é necessário uma medida da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social). "Porque não adianta prender. Depois que são presos, acabam soltos e voltam a cometer delitos aqui de novo, começa tudo novamente".