Presos com material pornográfico dizem que sofreram abusos na infância
Esposas de dois presos sabiam que os maridos baixavam conteúdo pornográfico
O empresário e sargento do Exército, ambos de 37 anos, presos na manhã de ontem (29) durante a terceira fase da operação Deep Caught, contra abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes praticados na internet, relataram em depoimento à polícia que foram abusados sexualmente na infância.
Preso no Vilas Boas, o empresário contou que quando tinha 10 anos foi violentado pelos dois adolescentes, sobrinhos da madrasta. Aos 17 anos, começou a acessar o conteúdo pornográfico após um amigo ensinar a fazer a busca.
O empresário assumiu que é viciado em sexo e assistia o conteúdo durante a madrugada, quando a esposa e os dois filhos, de 9 e 14 anos, estavam dormindo. A mulher sabia que ele acessava material pornográfico na internet, mas não sabia que era infantil.
As imagens foram encontradas no notebook do empresário, que estava no quarto do filho de 9 anos. Ele assumiu que durante um tempo parou de baixar o conteúdo, mas que tinha voltado em outubro.
Com o sargento do Exército, preso no Lar do Trabalhador, os policiais encontraram aproximadamente 15 vídeos contendo cenas explícitas de sexo envolvendo crianças e adolescentes. As imagens estavam no notebook e no celular do autor.
Segundo o sargento, ele tinha preferência por vídeos com adolescentes entre 17 e 18 anos. Quando baixava material onde apareciam crianças de 10 a 12 anos, o conteúdo era apagado.
Ainda segundo o sargento, ele foi estuprado por um vizinho quando tinha 9 anos. Quando os familiares descobriram o abuso, agrediram a vítima e não denunciaram o caso à polícia.
Assim como a esposa do empresário, a mulher do advogado, de 35 anos, preso no Bairro Bom Jardim, sabia que o marido tinha baixado o conteúdo pornográfico. Porém, o casal afirmou que era para um trabalho acadêmico.
A mulher do advogado contou à polícia que os dois estavam assistindo um programa de televisão e passou uma matéria sobre o assunto. O marido, então, teria baixado vídeos para coletar dados para uma palestra de especialização.
O advogado assumiu em depoimento que chegou a acessar a deep web para fazer pesquisas sobre armamento, já que também é policial militar. Em relação ao material pornográfico, ele contou que baixou entre 2018 e 2019, e usou o conteúdo na produção do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), mas não chegou a apresentar à polícia o trabalho.
Questionado sobre o motivo de ainda ter no computador 100 gigas de pornografia envolvendo crianças e adolescentes, o advogado disse que como não utilizava a pasta, acabou esquecendo de apagar.