ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Primeiro a desconfiar de vizinho “estranho” foi um dos parentes de Carla

Polícia já havia descartado sequestro com carro, procurava alguém mais próximo e parente se lembrou do rapaz

Anahi Zurutuza | 15/07/2020 14:53

A investigação sobre o assassinato de Carla Santana Magalhães, de 25 anos, já tinha pista de que o vizinho dela, Marcos André Vilalba Carvalho, de 21 anos, pudesse ter algum envolvimento com o crime. Um cadeado encontrado no local do rapto, em frente à casa da moça, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande, fez familiar se lembrar que o portão do vizinho estava “escancarado” e que o rapaz era “estranho”.

A informação não só foi registrada pela equipe da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), como também fez com que policiais que estavam no caso ficassem “de olho” no servente de pedreiro, apurou o Campo Grande News.

Investigadores já haviam analisado horas de imagens de todas as câmeras de segurança existentes num raio de 500 metros do local do sequestro, entrevistado donos de dois possíveis veículos envolvidos no rapto e descartado a hipótese de que Carla havia sido levada em um carro.

A apuração havia mudado de rumo, focado na possibilidade de alguém das proximidades ser o autor do crime e quando o parente da vítima levantou desconfiança sobre o comportamento do vizinho, ele começou a ser investigado.

Mapa mostra proximidade entre local do rapto e lugar onde corpo foi deixado; residência de Marcos André fica no meio (Arte: Thiago Mendes)
Mapa mostra proximidade entre local do rapto e lugar onde corpo foi deixado; residência de Marcos André fica no meio (Arte: Thiago Mendes)

Buscas - O Batalhão de Choque intensificou as rondas nas proximidades e na manhã de ontem, quando equipe passava pela casa de Marcos, ele correu por um corredor. Conforme registraram os policiais do Choque, o rapaz obedeceu a voz de parada. Ele foi revistado e buscas foram feitas na casa, momento que o lençol com manchas que pareciam ser sangue foi encontrado.

O jovem alegou que usava o tecido para satisfazer-se sexualmente e que as vezes se machucava. Disse que o sangue era dele. Sem a possibilidade de prendê-lo naquele momento, os PMs avisaram a DEH.

Marcos André foi abordado novamente, horas depois, na obra onde trabalhava, no Bairro Coronel Antonino. Ele topou ir até sua casa para mostrar o lençol com sangue e na delegacia, confessou ter matado a vizinha, segundo a polícia.

Embora o local tenha sido lavado, o exame com luminol identificou a presença de material humano, que vai ser alvo para indicar se é o DNA é o da vítima.

No chão de concreto batido da edícula onde Marcos André morava, algumas latas de cerveja amassadas (Foto: Henrique Kawaminami)
No chão de concreto batido da edícula onde Marcos André morava, algumas latas de cerveja amassadas (Foto: Henrique Kawaminami)

Amnésia - À polícia, Marcos André disse que só se lembra de ter visto Carla passar por ele no dia 30 de junho, de ir atrás dela e depois, do momento em que acordou, no dia 1º de julho, e encontrou o corpo da jovem casa onde vive.

Admitiu ter escondido o cadáver debaixo da cama, ido trabalhar normalmente na quarta e quinta-feira. Sobre a sexta-feira, dia 3 de julho, quando o corpo foi encontrado, ele diz ter outro lapso de memória. Narrou só perceber que o cadáver estava em frente ao comércio na esquina de casa quando viu a movimentação no local.

Na entrevista coletiva, na manhã desta quarta-feira (15), o delegado Carlos Delano, que comanda as investigações, contou que o assassino confesso relata ser usuário compulsivo de álcool e que por isso tem amnésias com certa frequência. Sobre ter admitido o crime e depois a desova do corpo, ele diz que ninguém esteve na casa dele e, portanto, o assassinato não poderia ter sido cometido por outra pessoa.

Marcos está com prisão preventiva decretada por feminicídio, por determinação do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Embora ele não tivesse relacionamento com a jovem ou a família dela, o entendimento da polícia é de que houve “desvalor à condição de mulher”.

Nos siga no Google Notícias