Projeto voltado às periferias faz alegria da criançada e cativa os 'marmanjos'
Programação do projeto Periferia em Movimento, que retornou neste domingo com festival de pipa
O estudante Matheus Felipe Barbosa, de 9 anos, não aguentava mais a espera por diversão. "Não via hora de sair de casa para soltar pipa". Atento, ao seu lado, quem o acompanhava era o irmão, Lucas Gabriel Barbosa, de 24 anos, refilador em tempo integral e nas horas vagas, 'soltador' de pipas. "Onde tiver pipa no ar, a gente está", declarou. A empolgação de ambos pela brincadeira era tanta que mal terminaram a conversa e já estavam envolvidos com os 'rasantes'.
A volta da diversão preferida dos irmãos nos finais de semana faz parte da programação do projeto Periferia em Movimento, que retornou neste domingo (31), no Bairro Santo Amaro, região oeste de Campo Grande, após dois anos de paralisação devido à pandemia de covid. A ação desenvolvida pela Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para Juventude.
No campo de futebol, local do evento, com carretilha em mãos e pipa estampada com o saudoso rapper Sabotage, o coordenador estadual de Políticas Públicas para Juventude, Jean Paçoka, relata que o objeto é um dos principais atrativos do projeto "porque não há regras, cada um carrega sua pipa, ergue e brinca da forma que quiser".
Enquanto mostrava as 200 unidades a serem distribuídas gratuitamente ao público, ele explica que a organização opta por um local aberto para maior segurança dos participantes. "As ações são realizadas no 'campinho' justamente para não comprometer a segurança dos praticantes, uma vez que muitas crianças estão presentes", explicou Jean.
Brayan Vinícius da Silva, de um ano e três meses, é um deles, mal sabe correr e se aventurava em meio à gurizada, observado de perto pela mãe, Deyse Gauna, de 27 anos. "Enquanto ele curte lá, a gente se refresca aqui com uma gelada", brinca a chefe de cozinha, enquanto tomava uma cerveja. Para ela, a ocasião foi um dia de alívio, porque o filho, "embora tenha o convívio com outras crianças na creche, sempre pede para ir brincar na rua".
A ação contou ainda com apresentações do DJ André Torres, DJ Mascarado, Palhaço Tenebroso, MC Matheusinho da Baixada e serviço de corte de cabelo, brinquedos e pula-pula. Bom para a babá Jeniffer Lima, de 24 anos, que além de levar os primos Yuri e Rebeca, de oito e dez anos, para se divertirem na cama elástica, aproveitou para curtir as atrações musicais. "Vamos curtir até o fim".
Bem ali em frente, sentada em uma cadeira de fios, dona Maria Pereira, de 75 anos, só observava o retorno da 'muvuca'. "Fazia tempo que eu não via o campo movimentado assim, temos que ocupar esse espaço mesmo, não apenas em dias especiais, mas o ano todo com projetos que envolvam as crianças. Aliás, não só para os pequenos, os idosos também querem praticar atividades", ressaltou a aposentada, indicando um ponto que, segundo ela, serão instalados aparelhos de ginástica ao livre voltados à melhor idade.
Ao ver a movimentação da criançada no local, o servidor público Paulo Dantas, de 40 anos e a esposa, a professora Sinara Dantas, 38 anos, não titubearam em parar o veículo e distribuir os sacos de doces que ainda restavam da última ação do Dia das Crianças. "Fazemos este tipo de doação uma vez por mês, como de marmitex, por exemplo", disse Sinara. Esta é a segunda vez que a comunidade do Santo Amaro recebe as atividades do projeto.
De acordo com Jean, "já foram realizadas dez etapas do Periferia em Movimento de forma independente e agora com as parcerias público-privada, o calendário deverá se estender". A próxima edição será no Bairro Canguru, região sul de Campo Grande, ainda sem data definida.
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