“União das Quebrada” mostra o poder do rap e grafite às crianças
Grupo que realiza eventos a cada 40 dias na região do Dom Antônio Barbosa mostrou sua arte aos pequenos
Os pequenos do Bairro Residencial José Teruel Filho, antiga favela Cidade de Deus, tiveram a oportunidade de vivenciar uma tarde diferente e fugir da rotina habitual. O projeto “União das Quebrada” proporcionou um Dia das Crianças com apresentações musicais, contação de história, entrega de brinquedos e a chance de mostrar aos pequenos o poder da arte urbana, especialmente o rap e o grafite.
Com a presença de mães, pais, jovens e, principalmente, crianças, a Praça do Caçador foi tomada pelo clima de animação, diversão e festa. Os pequenos estavam tão encantados, que não sabiam qual brinquedo escolher para ir primeiro.
Do balanço ao escorregador, opção para brincar não faltou no local. O "União das Quebrada" trouxe mais uma opção de divertimento para os menores, o pula-pula. O brinquedo foi a grande estrela do dia e bastante disputado pelos meninos e meninas.
O idealizador da ação, Glaudemar Roberto, 42 anos, mais conhecido como rapper CLR, conversou com o Lado B e contou sobre o evento especial organizado para os moradores da região.
O artista contou que o "União das Quebrada" costuma realizar ações voltadas para diferentes comunidades a cada 40 dias. Para não deixar passar em branco a data de homenagem às crianças, ele decidiu organizar uma edição especial.
Os rolês contam frequentemente com a presença de outros artistas e patrocinadores que apoiam fornecendo estrutura, material e outras necessidades. O rap é a base de todos os eventos culturais e sociais planejados pelo projeto.
“O 'União das Quebrada' interage com as crianças desde sempre. Eu costumo chamar os manos para cantar, o pessoal do break, skate, artista de rua. Nós também chamamos os barbeiros que cortam o cabelo e fazem aqueles risquinhos de graça para quem tem menos de 12 anos”, explica.
Para o rapper, é extremamente significativo poder proporcionar momentos de lazer para as pessoas que residem em regiões da periferia e não possuem tanto acesso à cena cultural. “Como somos periféricos, sabemos que é difícil essas coisas chegarem para gente. Eu prezo muito pela família e esse rolê que nós fazemos é para a família que vem, brinca. Não tem como a gente mudar o mundo, mas tem como mudar a vida de algumas pessoas”, enfatiza.
Ademir Lopes Alves, 37 anos, levou a esposa e os dois filhos para prestigiarem o evento. O menor, Pietro Gabriel, estava entretido no balanço, enquanto o pai dava entrevista. Ademir, que também é rapper, comentou que é raro as crianças da região serem contempladas por ações sociais. “Normalmente, só em festa comemorativa que acontece essas coisas, mas é super importante interagir com a família e ver a comunidade inteira participando dessa maneira”, diz.
Para animar a galera, algumas atrações foram convidadas, como o rapper Amém, Gênesis 12, Versos 067, Falange da Rima, Voz do Gueto, Cps, Vadios 067 e artistas que trabalham com grafite. Além de apresentações musicais, um teatro infantil foi chamado para participar.
O contador de histórias Ciro Ferreira, 51 anos, preparou um repertório especial para a data. “Eu trouxe histórias mais brincantes com uma técnica de circo conhecida como ioiô chinês para criar essa dinâmica mais lúdica. Os pais também costumam estar presentes e interagem com a arte”, afirma.
E em toda data especial, o que não pode faltar é um presente para fechar com chave de ouro a celebração. A criançada não saiu de mãos vazias e foi surpreendida com uma entrega de brinquedos. O grupo “Rap Consciente Família Vida Nova” foi o responsável por distribuir cerca de 1.000 itens entre bolas coloridas e bonecas.
A programação que reuniu a galera da comunidade, de acordo com o presidente da Associação de Moradores do Residencial José Teruel Filho, Ronny Leão, 35 anos, foi o primeiro na região desde o inicio da pandemia. "A gente fica satisfeito, porque é legal ver as famílias felizes assim. Isso tudo aqui pra gente é inédito por conta da estrutura e das atrações. É totalmente diferente da realidade que a gente vive", conclui.
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