Quase 3 meses após morte de pastor, perguntas de família continuam sem respostas
Além de viver luto, esposa de Junior Sousa diz que precisa driblar medo e consolar a filha do casal, de 5 anos
“Só queria entender quem fez isso e porque fez”. A afirmação é de Jéssica Maia, 24 anos, esposa de pastor Valdenei Lopes de Sousa, conhecido como Junior Sousa, de 28 anos, que foi encontrado morto no dia 26 de agosto. Há 77 dias, desde o desaparecimento do marido, ela e a família vivem a angústia de não terem respostas.
O delegado Gustavo Bueno, responsável pelas investigações, explica que o inquérito tramita no mais absoluto sigilo, “para não atrapalhar o andamento dos trabalhos que são muito sensíveis”. “As apurações estão bastante avançadas, mas o caso continua em segredo, em razão da complexidade”, disse à reportagem nesta segunda-feira (8), sem dar mais detalhes.
A família entende que a polícia está trabalhando no caso, segundo Jéssica. Mesmo assim, o mistério atormenta. Em entrevista ao Campo Grande News em setembro, a mãe do pastor, Venina dos Santos, de 61 anos, revelou que a família estava com medo. “Não ficamos nem na porta de casa, porque não sabemos o que aconteceu”.
Nada mudou, confirma Jéssica. “Nunca imaginamos que isso poderia acontecer. Foi um baque. A gente quer saber quem fez isso, mas estamos tentando nos reerguer”.
Já para a filha de Junior Sousa, de 5 anos, a agonia é não ter o pai em casa. “Ela ainda chora, pergunta dele. Explico o que aconteceu, digo que o papai virou estrelinha e que está com o papai do céu, mas, às vezes, não adianta”, conta a mulher, que tinha relacionamento de 8 anos com o pastor.
O caso - O pastor era procurado desde a noite do dia 23 de agosto, uma segunda-feira. Por volta das 19 horas, saiu de casa para ir até a igreja, onde iria se encontrar com outros fiéis em um grupo de orações, mas nem chegou ao local. A última notícia que a família teve, foi de que o Junior Sousa havia sido visto justamente nos arredores do Bairro Aero Rancho, onde foi localizado morto três dias depois.
O corpo estava boiando no Rio Anhanduí, no cruzamento da Avenida Ernesto Geisel com a Rachel de Queiroz. A família foi avisada, chegou ao local antes da polícia e reconheceu Júnior.
No corpo, foi possível ver lesões nas costas e no pescoço, mas ainda não há informações se os ferimentos causaram a morte ou aconteceram depois disso. No momento em que desapareceu, o pastor estava usando uma camiseta do São Paulo, calça preta de tecido e chinelo de dedo azul, mas ele foi encontrado apenas de cueca.
A família descarta a possibilidade de suicídio. Também afirma que Sousa nunca foi usuário de drogas, alcoólatra ou tinha desavenças com alguém.