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Capital

Removido de favela, William vê fogo consumir barraco às vésperas de mudança

Os vizinhos contaram que o incêndio começou por volta das 22h de ontem, quando dois homens foram vistos deixando o barraco

Viviane Oliveira e Clayton Neves | 05/08/2020 09:48
Desolado, William observa o que restou do barraco onde viveu com a esposa por 4 anos  (Foto: Kisie Aionã)
Desolado, William observa o que restou do barraco onde viveu com a esposa por 4 anos  (Foto: Kisie Aionã)

Em processo de mudança, o catador de material reciclável William Robson Barbosa Lima, 52 anos, perdeu tudo o que tinha após incêndio criminoso ocorrido na noite de ontem (4), na favela do Linhão, localizada ao longo da Avenida Marechal Mallet, no Jardim Noroeste, em Campo Grande.

As 100 famílias que viviam embaixo de uma rede de alta tensão no local há pelo menos 7 anos foram realocadas para outro espaço regularizado pela pela prefeitura depois que a Energisa, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, conseguiu a reintegração de posse da área.

Segundo William, que vive com a esposa com uma renda de R$ 600, ainda não havia saído do Linhão porque não tinha dinheiro para fazer a mudança. Ontem, o morador conseguiu vender o carrinho de reciclagem e quando alcançou o valor que precisava para pagar o frete perdeu tudo do pouco que tinha no incêndio.

Chorando, William contou que perdeu tudo o que tinha. Ficou com somente com a roupa do corpo (Foto: Kisie Aionã)
Chorando, William contou que perdeu tudo o que tinha. Ficou com somente com a roupa do corpo (Foto: Kisie Aionã)

Vizinhos contaram que o fogo começou por volta das 21h depois que dois homens foram vistos saindo do barraco na noite de ontem. William e a esposa não estavam no local. A suspeita é de que a dupla ateou fogo depois de furtar o botijão de gás que não foi encontrado em meio às cinzas.

“Perdi tudo. Estou só com a roupa do corpo. Não tenho nem o que comer”, disse desesperado nesta manhã ao se deparar com a situação. Além da estrutura, foram destruídos pelo fogo colchão, ventilador, mantimentos, roupas e outros móveis.

William contou que se mudou para a área depois que não conseguiu mais pagar o aluguel de um casa no Bairro Coronel Antonino. Também ex-moradora do Linhão, Carmen da Silva, 50 anos, contou que não é a primeira vez que um barraco é incendiado na comunidade. Pelas contas dela, já foram 25 casos registrados na região. “Da outra vez foi do mesmo jeito. Tiraram o botijão de gás e atearam fogo no barraco”, lamentou.

Durante a conversa com a reportagem, William teve sempre uma companheira, a vira-lata "Pipoca", de 8 meses, sobrevivente do fogo. Ela estava na casa, contou William, e conseguiu escapar das chamas.

"Pipoca", de 8 meses, sobreviveu ao incêndio no barraco de William. (Foto: Kísie Ainoã)
"Pipoca", de 8 meses, sobreviveu ao incêndio no barraco de William. (Foto: Kísie Ainoã)

Aguadinha - Localizados no mesmo bairro, os lotes sociais foram oferecidos pela prefeitura aos moradores do Linhão, após diversas reuniões em que foram expostos os riscos iminentes à integridade física das famílias e a situação jurídica de reintegração de posse da área ocupada de maneira irregular. Todos os moradores aceitaram ser reassentados para uma área conhecido como Aguadinha. Veja, abaixo, ao vídeo do incêndio.

Caso alguém queira fazer doação ao morador pode entrar em conato com a vizinha pelo telefone,9 9239-1676 falar com Carmem.


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