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Capital

Réu reforça tese de estupro para justificar morte de rapaz a pedradas

Wanderley Rofeson disse que chegou em casa e encontrou a filha com rapaz e, por isso, o matou: "Foi ato de desespero"

Silvia Frias e Kerolyn Araújo | 19/09/2019 12:48
Wanderley disse que não pensou em denunciar Roni à polícia (Foto: Marina Pacheco)
Wanderley disse que não pensou em denunciar Roni à polícia (Foto: Marina Pacheco)

“Perdi a cabeça, fiquei cego de raiva e transtornado; lutamos e eu venci, foi um ato de desespero”, disse o funileiro Wanderley Rofeson Loureiro Vulgo, 50 anos, justificando o motivo de ter amordaçado e matado a pedradas Roni Teodoro do Nascimento, em crime ocorrido em 2012.

O julgamento começou esta manhã, na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Wanderley foi denunciado por homicídio qualificado por motivo torpe e sem chance de defesa da vítima, mas, em defesa, diz que agiu depois que a filha, à época, com 12 anos, teria sido estuprada por Roni.

A versão da defesa é contestada pelo MPE (Ministério Público Estadual). Na denúncia, consta que a filha de Wanderley mantinha relacionamento com Roni, 18 anos. No dia 30 de março de 2012, ao chegar em casa no bairro Zé Pereira, encontrou os dois conversando e começou a discutir com o rapaz.

Na briga, segundo o MPE, ele imobilizou o rapaz, amarrando suas pernas e braços e o amordaçando com uma toalha. Roni foi levado para saída de Rochedo e agredido a pedradas até a morte.

Em depoimento hoje durante o julgamento, Wanderley manteve a justificativa. Naquele dia, chegou em casa e encontrou a filha chorosa, acompanhada de Roni. “Eu perguntei o que tinha acontecido, ela falou ‘pai, eu fui estuprada’”, disse. Nesse momento, os dois começaram a brigar e, para se defender, teria imobilizado Roni.

Wanderley disse que não pensou em denunciar o rapaz à Polícia Civil. “Qual pai vai sair dali e ir à delegacia prestar depoimento? Você dá a vida pelo seu filho”. 

Hoje, a esposa e a filha de Wanderley também atestaram a versão do réu. À época da investigação policial, a garota disse que tinha relacionamento com Roni e que havia mantido relações sexuais com ele uma semana antes do crime. Porém, no decorrer do processo, mudou a versão e disse que foi estuprada.

Segundo ela, naquele dia, saiu da escola e foi acompanhada por Roni até em casa. A garota disse que o conhecia do bairro, por ele ter o hábito de ficar na saída da escola e que sabia do interesse dele por ela, porém, nunca o incentivou.

Na porta de casa, ele teria pedido copo de água, sendo atendido pela jovem. Depois do estupro, disse que ficou sem reação e não pediu socorro, mas conseguiu relatar o que tinha acontecido quando o pai chegou em casa.

O julgamento foi interrompido para almoço e será retomado no período da tarde, com a sustentação oral da acusação e da defesa.

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