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Capital

Se não for ocupado, Hotel Campo Grande acabará "implodido", diz prefeito

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) voltou a defender o projeto de transformar prédio histórico em morada para 117 famílias

Anahi Zurutuza e Izabela Sanchez | 21/08/2019 12:22
Fachada do Hotel Campo Grandem, prédio de 13 andares construído em 1971 na Rua 13 de Maio (Foto: João Paulo Gonçalves/Arquivo)
Fachada do Hotel Campo Grandem, prédio de 13 andares construído em 1971 na Rua 13 de Maio (Foto: João Paulo Gonçalves/Arquivo)

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) voltou a defender o projeto de transformar o Hotel Campo Grande em morada para 117 famílias e foi firme: “vou até as últimas consequências”. O prefeito chamou novamente de “pobres de espírito” quem criticou a ideia com o argumento de que a prefeitura quer “jogar famílias pobres” no Centro e disse que se não for ocupado, o prédio histórico acabará “implodido”.

“Dificilmente a iniciativa privada vai querer comprar aquilo, porque só para reformar, custa R$ 25 milhões [valor que a o Executivo calculou gastar para reformar o hotel]”, disse Marquinhos.

O prefeito insiste que qualquer outro empreendimento privado no local é inviável. “Ninguém vai investir algo ali para não ter retorno, principalmente no sistema capitalista, que só se quer ter”.

A intenção da prefeitura é pagar R$ 13 milhões pela desapropriação do hotel. Os donos alegam que, contudo, o valor está 35% abaixo da avaliação feita pelo próprio município, conforme consta no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Uma reunião está marcada para esta quinta-feira (22), segundo o prefeito, com representantes da família proprietária do hotel, “já para seguir com toda a tramitação”.

Marquinhos Trad cumprimenta moradores do Jardim Botafogo durante agenda pública nesta manhã (Foto: Izabela Sanchez)
Marquinhos Trad cumprimenta moradores do Jardim Botafogo durante agenda pública nesta manhã (Foto: Izabela Sanchez)

Importância histórica – Marquinhos lamenta a hipótese da solução ser demolir o edifício, inaugurado em 1971. “O hotel foi palco de muitas alegrias e muitas noites de núpcias. Noivas tiravam fotos ali na frente nos idos de 71”, comentou sobre o valor histórico do prédio.

O chefe da administração municipal argumenta que, contudo, é preciso dar finalidade para locais desocupados na cidade. “O hotel está fechado há 20 anos e lá dentro tem vários espaços que podem acolher seres humanos”.

Preconceito – O prefeito disse ter ficado chateado com comentários dos leitores “dos sites” que divulgaram a ida dele a Brasília (DF) na segunda-feira (19) para tentar viabilizar R$ 38 milhões do programa Pró-Moradia, que tem a linha chamada Retrofit, para tocar o projeto de transformar o Hotel Campo Grande em condomínio de apartamentos.

“Sabe qual é a minha perplexidade? Os comentários que deixam nos sites dizendo que eu vou levar pobres para o Centro. Isso é mensurar o ser humano pelo que ele ganha e não pelo que ele é. Fiquei muito chateado. Pobres de espírito são as pessoas que fizeram aqueles comentários”, repetiu o que havia dito na tarde de ontem.

Em agenda pública nesta manhã, Marquinhos continuou disparando contra o preconceito. “Aquilo não vai virar um pombal como eles disseram, com varal com roupa esticada no centro da nossa cidade, será moradia de seres humanos dignos. Pode ter certeza que todos que estão me agredindo, falando que vou levar pobres, devem ter um funcionário pobre lavando a cueca ou passando a roupa da madame”.

Por último, o prefeito rebateu o argumento de que o movimento proporcionado pelas 117 moradias será inexpressivo. Para ele, é o contrário. “Vou colocar ali no mínimo 1 mil seres humanos que se alimentam, consomem, compram e vão movimentar o Centro”.

Projeto da prefeitura prevê figura de Manoel de Barros na fachada em concreto aparente do edifício (Foto: Reprodução maquete eletrônica)
Projeto da prefeitura prevê figura de Manoel de Barros na fachada em concreto aparente do edifício (Foto: Reprodução maquete eletrônica)

O projeto – O projeto prevê transformar os 84 aposentos do hotel em 117 apartamentos com tamanho entre 27 e 30 metros. No térreo, funcionaria um setor de atendimento da prefeitura, além de uma base da Guarda Municipal.

A maquete projetada inclui a figura do poeta Manoel de Barros na fachada em concreto aparente do hotel. O nome do condomínio seria "Menino do Mato", título de uma das últimas obras do escritor falecido em 2014.

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