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Capital

"Seguiu o caminho errado e perdi meu único filho", diz mãe de suspeito de roubos

Às vésperas do Dia das Mães, mulher chora pela morte de jovem suspeito de vários crimes na Vila Margarida

Dayene Paz e Mariely Barros | 12/05/2023 10:20
Mãe de rapaz que morreu na madrugada desta sexta-feira. (Foto: Mariely Barros)
Mãe de rapaz que morreu na madrugada desta sexta-feira. (Foto: Mariely Barros)

Odair José Cezar Rodrigues tinha apenas 19 anos, mas uma longa ficha criminal. Desde os 14, cometia roubos e furtos na Vila Margarida, em Campo Grande, onde cresceu com a mãe e a avó, que hoje, às vésperas do Dia das Mães, choram o fim triste do jovem, morto após reagir a abordagem policial. "Ele seguiu o caminho errado e eu perdi meu único filho", diz a mãe.

Enquanto enxugava as lágrimas, a jardineira Angélica Aparecida Cezar Rodrigues, 43 anos, conversou com a reportagem do Campo Grande News. Ela contou que criou Odair com a ajuda da mãe, dona Maria Angélica Cezar Rodrigues, em uma casa simples da Vila Margarida, região norte da Capital. Apesar das dificuldades financeiras, o trabalho das duas nunca fez faltar nada, muito menos carinho e amor.

E foi assim que Odair cresceu até, segundo a família, se envolver com as drogas e amizades consideradas ruins. "Parou de estudar ainda criança, depois foi preso e eu paguei um advogado para tirar ele. Se eu soubesse que ia acabar assim, não tinha soltado", lamenta a avó. "É fácil? não é. A força vem do Pai para seguir", diz Maria.

A avó aconselhou o neto várias vezes. "Sai dessa vida", dizia. "Se fosse preso, a gente arrumava advogado bom e trazia ele de novo, mas agora nada pode trazer ele de volta".

Avó chorou ao falar sobre neto, morto após sacar arma e tentar atirar em policiais. (Foto: Mariely Barros)
Avó chorou ao falar sobre neto, morto após sacar arma e tentar atirar em policiais. (Foto: Mariely Barros)

A avó lembra que chegou a salvar o neto, que estava apanhando após cometer um roubo. "Aos 14 anos, levou surra porque roubou uma tabacaria. Depois, com 17, estavam batendo nele após roubar um celular. O cara deu uma primeira pedrada que quebrou o maxilar, na segunda, peguei outra pedra e acertei o cara. Aquele dia, eu consegui salvar ele", conta. "Já é o terceiro que me tiram dessa vida, meu marido assassinado, meu enteado que mataram torturado e agora meu neto".

A mãe, Angélica, afirma que a família já tinha alertado Odair. "Há dois dias do Dia das Mães perdi o único filho. Todos da família já tinham aconselhado ele", lamenta a mulher.

Crimes - Odair já era conhecido por causar problemas no bairro, como furtos e até roubos violentos. "Várias pessoas comentavam 'ele tá roubando, tá roubando aqui (sic)'. Eu via ele na conveniência e todo mundo dizia. Estava terrível", disse um mecânico, de 31 anos, que pediu para ter o nome preservado.

O auxiliar de cozinha Luiz Henrique Monteiro, de 21 anos, afirma que conhecia Odair. "Conheço bastante o pessoal aqui do bairro e esse menino dava trabalho. Cresceu comigo, mas escolheu ir para esse rumo. Estava roubando moradores e até fiquei sabendo que ele esfaqueou um menino saindo do trabalho para roubar o celular dele", comenta. Odair sempre agia armado com faca. "Eu mesmo já vi ele roubando, na minha frente na conveniência ali de cima, o celular do menino e bateu nele", diz.

Uma comerciante, que não quis se identificar, contou que foi alertada. "Não conheço nenhuma vítima dele, mas o pessoal é meio receoso e me falou para tomar cuidado com ele, porque ficava fazendo pequenos furtos na região. Roubava celular e foi preso várias vezes, também já apanhou várias vezes", comentou a mulher.

Abordagem - Odair José Cezar Rodrigues, conhecido como "Bokinha" ou "Alemão", foi morto após reagir a abordagem da Polícia Militar, na madrugada desta sexta-feira (12). As informações obtidas pela reportagem do Campo Grande News são de que os policiais faziam rondas nas imediações das Vilas Margarida e Giocondo Orsi, no entorno de uma empresa de telefonia, onde estavam ocorrendo vários furtos e roubos.

Quando a viatura passava pela Rua 19 de Abril, viu o suspeito em um local mal iluminado, com roupa escura e a mão na cintura "aparentando esconder um volume". Ao ver os policiais, ele tentou esconder o rosto e então os militares tentaram abordá-lo.

Contudo, o suspeito não obedeceu e sacou uma arma de fogo, apontando para os policiais. Na sequência, a PM (Polícia Militar) atirou e acertou dois tiros em Alemão. Ele foi socorrido pelos próprios militares, mas não resistiu e morreu 20 minutos após dar entrada na Santa Casa.

Alemão estava com uma arma calibre 38 de numeração raspada. Segundo a Polícia Militar, Alemão tem passagens criminais por roubo qualificado, ameaça, violação de domicílio, tentativa de latrocínio, furto e tráfico de drogas.

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