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Capital

Segundo especialista, não há prova da eficácia de “lockdown de fim de semana”

O infectologista Júlio Croda afirma que só tempo vai dizer se a estratégia dará conta de frear o avanço da covid-19

Aline dos Santos | 15/07/2020 08:51
Infectologista da Fiocruz, Júlio Croda afirma que medidas mais duras surtem resultados em menor tempo. (Foto: Marcelo Camargo-Agência Brasil)
Infectologista da Fiocruz, Júlio Croda afirma que medidas mais duras surtem resultados em menor tempo. (Foto: Marcelo Camargo-Agência Brasil)

Sem dados técnicos que comprovem a eficácia do “lockdown de fim de semana” anunciado  hoje  pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), o infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) , Júlio Croda, afirma que só tempo vai dizer se a estratégia dará conta de frear o avanço do novo coronavírus em Campo Grande.

“A questão é que quanto mais duras são as medidas, mais rápida a diminuição da média móvel. Não há dados técnicos que avaliem esse tipo de intervenção mais liberal. Não tem como julgar agora porque não há dado na literatura sobre esse tipo de modelo. O grande problema é que vai ter que esperar duas semanas para saber se surtiu efeito”, afirma o especialista.

Conforme o prefeito, Campo Grande terá as seguintes medidas restritivas entre 18 e 31 de julho: aos sábados e domingos poderão funcionar somente as atividades essenciais (como supermercados e farmácias); de segunda a sexta-feira, o comércio varejista funcionará das 9h às 17h; e locais como academia, shopping, lojas e salões de beleza abrem com 30% da capacidade de atendimento; o toque de recolher segue em vigor a partir das 20h.

O estabelecimento que desrespeitar as regras será lacrado por três dias. Em caso de reincidência, a punição será de sete dias. Só num terceiro flagrante é que terá o alvará cassado.

“Vamos ter que observar o impacto disso, dessa fórmula mais restritiva aos fins de semana. Até então, sabe-se que em países com medidas duras, com fechamento por duas semanas, houve estabilização do número de casos”, afirma Júlio Croda, sobre o impacto do lockdown, quando apenas seguem em funcionamento os serviços essenciais.

Na linha de frente do atendimento a pacientes com covid-19, o infectologista Rodrigo Nascimento Coelho, do HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian, assevera que a decisão é do gestor municipal, mas do ponto de vista médico o ideal são medidas que mantenham o maior nível de isolamento social.

“A gente está vendo em Campo Grande um aumento significativo de casos de infecção por covid-19. O que a gente precisa é distanciamento social. A gente caminha para o colapso se não tomar cuidados bem sérios, para que você tenha leito de CTI garantido. Temos que nos valer de todas as medidas possíveis para diminuir a transmissão”, afirma o médico.

Conforme boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), são 4.836 casos confirmados do novo coronavírus  e 45 mortes pela doença em Campo Grande.

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