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Capital

Sem energia elétrica, famílias recorrem até a hotéis para fugir do calor

Histórias variam diante de problema que persiste no bairro Sírio Libanes e mais 11 bairros de Campo Grande

Por Natália Olliver e Geniffer Valeriano | 26/09/2023 12:38
Cozinha sem energia, no bairro Sírio Libanês, em Campo Grande (Foto: Geniffer Valeriano)
Cozinha sem energia, no bairro Sírio Libanês, em Campo Grande (Foto: Geniffer Valeriano)

Na capital, a queda de energia, que começou nesta segunda-feira (25), tem causado diversos problemas a moradores de 11 bairros espalhados pela cidade. Na Rua Kadija Jafar e Natálio Abraão, no bairro Sírio Libanês, o desespero é tão grande que os residentes foram obrigados a “se virar nos 30” para tentar driblar o calor. A solução encontrada por alguns foi dormir no carro com ar-condicionado ligado, procurar hotéis e até tomar remédios controlados para tentar dormir.

Nas ruas há casas com meia fase ativa e outras totalmente sem energia. A situação, além dos problemas físicos, causa prejuízos financeiros já que os alimentos nas geladeiras e freezers estão estragando e o calor exigiu que os moradores tomassem medidas de emergência, como alugar quartos de hotéis para passar a noite.

Mário vai entrar na Justiça por danos causados ao imóvel (Foto: Geniffer Valeriano)
Mário vai entrar na Justiça por danos causados ao imóvel (Foto: Geniffer Valeriano)

Mário Augusto Nogueira, de 54 anos, ressalta que gastou R$ 386,00 com a hospedagem. O motivo foi a saúde da sogra, de 84 anos, que veio do Rio Grande do Sul para passar quatro meses na capital sul-mato-grossense. Sobre o estrago no freezer, o militar aposentado disse que as carnes congeladas já passaram várias vezes pelo degelo e congelamento.

“Não sei se vai dar pra comer essa carne. A gente não sabe mais o que fazer, não sabemos quanto tempo vamos esperar a energia voltar, no freezer tem de R$ 400 a R$ 500 de carnes."

Silvia Nogueira, de 57 anos, é esposa de Mário. À reportagem, ela ressalta que não há nada que justifique a queda de energia. ”Talvez por ser o horário que tem mais gente em casa tentando se refrescar tenha sobrecarregado o transformador e afetado o sistema. Fizemos um protocolo tanto na energia quanto na ouvidoria”.

Antônio Orestte teve que dormir no carro para tentar driblar o calor (Foto: Geniffer Valeriano)
Antônio Orestte teve que dormir no carro para tentar driblar o calor (Foto: Geniffer Valeriano)

Antônio Orestte Matos, de 56 anos, disse que o problema começou no domingo (24) e que percebeu ao chegar em casa ao se deparar com o portão elétrico travado.

“Achei que não fosse durar a noite toda, fiquei esperando um tempo pra ver se voltava, mas não voltou". A solução encontrada para vencer o calor foi dormir dentro do carro, na garagem. “Vi no grupo que o vizinho falou que ia para um hotel e como a minha mulher faz tratamento para obesidade e tem problemas respiratórios decidimos”.

Devido ao calor extremo, Soyla Coppes, de 58 anos, precisou apelar para medicamentos controlados, tanto ela quanto o esposo. A depiladora conta que pensou até em vender a casa. “Anteriormente a gente parecia que nem sentia tanto, mas com o calor isso se intensificou e a gente não está aguentando, éramos acostumados com ar-condicionado. Era um luxo, sim, tem família que nem isso tem, mas estávamos”.

Soyla e marido recorreram a remédios para tentar dormir (Foto: Geniffer Valeriano)
Soyla e marido recorreram a remédios para tentar dormir (Foto: Geniffer Valeriano)

Atendendo em casa, o trabalho da mulher ficou prejudicado. Somente nesta terça-feira (26), Soyla deixou de ganhar R$ 250, pois precisou desmarcar os atendimentos. “Hoje teve quatro clientes que não pude atender por causa da falta de energia. Espero que isso não se estenda por mais dias”.

Bruno Zoca, de 40 anos, vende pães e pizzas. Na casa, o prejuízo estimado é de R$ 500 a R$ 600. Ele teve que comprar gelo para tentar manter os produtos que estão na geladeira. “Nesta segunda tinha encomenda entre 18 a 20 pães, mas precisei remarcar. Não dormimos a quase dois dias pra não descansar nesse calor".

Bruno estima que o prejuízo com entrega de pães e pizzas chegue aos R$ 600,00 (Foto: Geniffer Valeriano)
Bruno estima que o prejuízo com entrega de pães e pizzas chegue aos R$ 600,00 (Foto: Geniffer Valeriano)

Em nota, a concessionária responsável pelo fornecimento de energia na Capital alega que o fenômeno natural El Niño impacta na rede que opera e o alto consumo pode ser responsável pela sobrecarga dos transformadores. E que uma equipe foi enviada para os reparos necessários, pois foi identificado um problema no transformador.

“Nós já investimos milhões de reais na troca de transformadores e estamos substituindo mais equipamentos ao verificar demandas de consumo pelo calor elevado. Mas contamos com o apoio dos nossos clientes, sejam eles comerciais, residenciais ou industriais, que devem declarar corretamente a carga utilizada para evitar sobrecarga e possíveis interrupções de energia.”

Funcionários da Energisa trabalhando na troca de transformadores na segunda-feira (Foto: Arquivo pessoal)
Funcionários da Energisa trabalhando na troca de transformadores na segunda-feira (Foto: Arquivo pessoal)

Primeira queda de energia - No bairro, a primeira queda de energia aconteceu neste domingo (24). Equipes da Energisa estiveram no local, mas o problema não foi resolvido de imediato, sendo necessária a troca dos transformadores. Após um dia, o problema voltou a acontecer e segue até este momento. Moradores tentaram solicitação de atendimento pelo Whatsapp da empresa e o sistema não aponta um dia específico para a realização do serviço.

Moradora tenta contato com Energisa por aplicativo de mensagem (Foto: Geniffer Valeriano)
Moradora tenta contato com Energisa por aplicativo de mensagem (Foto: Geniffer Valeriano)

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